Brasília, Brasil – O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, destacou uma tendência significativa nas estatísticas de crédito de junho: a migração do saldo do cartão de crédito rotativo para o parcelado. Rocha, em sua análise, apontou que essa mudança representa um movimento positivo para os consumidores, devido às taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais longos oferecidos pelo crédito parcelado.
Queda no Crédito Rotativo e Aumento no Parcelado
Os dados dos 12 meses terminados em junho revelam uma queda de 19,5% no saldo do cartão de crédito rotativo, equivalente a R$ 15,1 bilhões. Em contrapartida, o saldo do cartão de crédito parcelado aumentou 24,6%, uma elevação de R$ 14,3 bilhões. Rocha afirmou que essa troca não parece ser mera coincidência, mas sim resultado de negociações entre instituições financeiras e seus clientes, visando a migração de saldos do rotativo para o parcelado.
Vantagens do Crédito Parcelado para o Consumidor
Segundo Rocha, essa mudança é benéfica para os consumidores. “Do ponto de vista do devedor, o parcelado tem taxas de juros menores e prazos mais longos para pagamento”, explicou. Em junho, a taxa de juros do crédito rotativo foi de impressionantes 429,5% ao ano, enquanto a taxa média do crédito parcelado foi de 180,5% ao ano. Essa diferença substancial nas taxas de juros torna o crédito parcelado uma opção mais viável e menos onerosa para os consumidores.
Aumento no Saldo do Crédito à Vista
Além da migração do crédito rotativo para o parcelado, houve um aumento significativo no saldo do cartão de crédito à vista, que também inclui o parcelado sem juros. O saldo subiu 24,6% nos últimos 12 meses, alcançando R$ 408 bilhões em junho. Esse aumento indica uma maior utilização de modalidades de crédito mais acessíveis e menos custosas por parte dos consumidores.
Proporção dos Juros em Relação à Dívida Total
Rocha também abordou a evolução do indicador que mede a proporção dos juros cobrados no crédito rotativo ou parcelado em relação ao valor total da dívida. De acordo com a lei 14.690/23, os juros e custos financeiros da fatura do cartão de crédito não paga não podem ultrapassar 100% do valor original.
Os dados de junho mostram que os juros acumulados já ultrapassam, em média, a metade da dívida original, alcançando 52,4%. Este percentual engloba o percentil 99, onde 99% das operações estão abaixo ou no mesmo patamar do número indicado. Rocha explicou que o percentil 99 tende a englobar clientes com dívidas de longo prazo em modalidades mais caras.
Impacto da Nova Legislação
A nova legislação, que limita os juros e custos financeiros a 100% do valor original da dívida, visa proteger os consumidores de endividamentos excessivos e incontroláveis. A análise de Rocha sugere que, embora ainda longe do teto estabelecido pela lei, os juros acumulados estão crescendo, destacando a importância de monitorar e ajustar as políticas de crédito para assegurar que permaneçam dentro dos limites regulatórios.
Perspectivas Futuras
A tendência de migração do crédito rotativo para o parcelado pode indicar uma conscientização crescente dos consumidores sobre as opções de crédito mais vantajosas. Com a contínua supervisão do Banco Central e a implementação de legislações protetivas, espera-se que os consumidores façam escolhas financeiras mais informadas, reduzindo o risco de endividamento excessivo.
Além disso, o aumento no saldo do crédito à vista sugere uma confiança crescente no uso do crédito, desde que utilizado de forma responsável. A redução nas taxas de juros e a disponibilidade de opções de pagamento mais flexíveis são fatores cruciais para manter essa tendência positiva.
A análise de Fernando Rocha sobre as estatísticas de crédito de junho destaca uma mudança significativa e positiva no comportamento dos consumidores brasileiros. A migração do crédito rotativo para o parcelado representa uma adaptação às condições econômicas e às novas legislações, beneficiando os consumidores com taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais longos. Com a continuidade dessa tendência, o cenário do crédito no Brasil pode se tornar mais equilibrado e sustentável, promovendo a saúde financeira dos consumidores e a estabilidade econômica do país.