Atração dos Títulos Atrelados ao CDI
Tal perspectiva impacta diretamente as aplicações atreladas ao CDI, que se mantêm altamente atraentes para quem busca liquidez, afirma Caio Camargo, estrategista de investimentos do Santander. A gente brinca que o pós-fixado [título que acompanha a variação da taxa Selic ou do CDI] é a parcela de equilíbrio da carteira. Então, com uma Selic mais alta como temos hoje, acaba sendo muito atrativo e faz bastante sentido”, diz Camargo.
No entanto, é essencial que o investidor esteja atento ao comportamento da inflação. A variação da inflação determina o ganho real de um investimento. Se a aplicação não estiver atrelada a um índice de preços, como o IPCA, uma disparada da inflação pode reduzir significativamente o ganho real.
Oportunidades nos Títulos Prefixados
O juro elevado também traz luz para as aplicações prefixadas, aquelas em que a taxa de retorno é determinada no momento do aporte de recursos. Viviane Silva, analista da BB Investimentos, diz que as operações prefixadas de curto prazo podem ser uma alternativa de travar rendimentos a taxas atrativas, caso se concretize a hipótese de a Selic voltar a cair em 2025.
Se o investidor estiver convencido de que o cenário vai melhorar e a Selic poderá voltar a cair, faz sentido garantir no prefixado um rendimento superior a 10,5% para um horizonte de três anos ou mais. Porém, se a situação econômica exigir um aumento da Selic, o investidor terá que se contentar com a taxa previamente negociada.
Riscos e Benefícios da Venda Antecipada
Se o investidor decidir vender seu papel prefixado antes do vencimento, existem dois cenários possíveis: se o juro travado no momento da aplicação for maior que a Selic no momento do resgate, você sai ganhando; se for menor, perde. A magnitude da variação vai depender do apetite por aquele papel no mercado secundário, a chamada “marcação a mercado” dos preços dos títulos.
Proteção Contra a Inflação
Para quem deseja se proteger da inflação e garantir também uma taxa prefixada, entram em cena os títulos indexados ao IPCA, tanto públicos quanto privados. Os prêmios oferecidos por esses papéis estão em patamares elevados em relação à média histórica, tornando-se uma opção atraente para investidores de médio e longo prazo. Um exemplo é o título público Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029, que recentemente oferecia a variação da inflação mais 6,4%.
Crédito Privado: Oportunidades e Riscos
Papéis privados podem oferecer retornos ainda maiores, mas também carregam mais riscos. No início de 2023, a confiança do investidor em ativos de crédito foi abalada quando a gigante varejista Lojas Americanas pediu recuperação judicial. Isso aumentou a exigência de uma remuneração maior para compensar o risco de crédito. Embora o “prêmio” tenha recuado desde então, ele ainda existe.
Diversificação é Fundamental
Conhecendo todos os personagens da renda fixa, o investidor pode achar que já tem o seu favorito, mas é essencial ter claro o objetivo da aplicação e o horizonte de investimento. Diversificar as aplicações é a recomendação clássica: distribuir os recursos em três cenários diferentes — uma reserva de emergência, uma parcela com vencimento no médio prazo e outra para o longo prazo.
O cenário de juros elevados renova o brilho da renda fixa no Brasil, oferecendo oportunidades atrativas tanto em títulos pós-fixados quanto prefixados e indexados à inflação. No entanto, é crucial que os investidores estejam atentos aos detalhes e adotem uma abordagem diversificada para otimizar seus ganhos e mitigar riscos.