STF: Alexandre de Moraes vota para tornar réu ex-assessor do TSE acusado de atuar contra a democracia
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (7/11) pela abertura de ação penal contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrar uma rede de desinformação e de atuar contra a democracia. A denúncia, apresentada pela PGR, aponta crimes como violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O julgamento ocorre de forma virtual na Primeira Turma do STF, e os ministros têm até 14 de novembro para registrar seus votos. O caso é mais um desdobramento das investigações sobre atos antidemocráticos e tentativas de deslegitimar o processo eleitoral brasileiro.
Alexandre de Moraes reforça linha dura contra ataques ao sistema eleitoral
O voto de Alexandre de Moraes segue a linha de atuação firme que o ministro tem adotado em processos relacionados à defesa da democracia e das instituições eleitorais. Segundo a denúncia da PGR, quando ocupava o cargo de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Tagliaferro teria divulgado informações sigilosas obtidas em razão do cargo, repassando conteúdos internos a grupos organizados com o objetivo de minar a credibilidade das urnas eletrônicas e dificultar investigações sobre atos golpistas.
A acusação sustenta que o ex-assessor teria agido em alinhamento com uma organização criminosa digital, responsável por disseminar fake news, atacar ministros do Supremo e instigar mobilizações antidemocráticas. Para Alexandre de Moraes, as provas apresentadas pela PGR indicam elementos suficientes para que Tagliaferro se torne réu, respondendo formalmente às acusações no STF.
O papel de Tagliaferro no TSE e o impacto da denúncia
Eduardo Tagliaferro ocupou um cargo estratégico dentro do TSE, justamente no setor criado para combater a desinformação e proteger a integridade eleitoral. a denúncia afirma que ele teria usado o acesso privilegiado a informações para compartilhar dados confidenciais com integrantes de grupos que questionavam a legitimidade das urnas e tentavam desestabilizar a Justiça Eleitoral.
De acordo com a PGR, houve indícios de que o ex-assessor teria atuado deliberadamente para obstruir investigações internas e comprometer a segurança de servidores do tribunal. As mensagens e documentos obtidos na investigação indicam um padrão de comportamento voltado a favorecer interesses de grupos políticos extremistas.
O caso ganha relevância por ocorrer em um momento em que Alexandre de Moraes e o TSE intensificam medidas contra campanhas de desinformação, especialmente diante da aproximação de novos ciclos eleitorais e da crescente profissionalização das estruturas digitais de ataque às instituições.
PGR vê tentativa de golpe e uso de sigilos para fins ideológicos
A denúncia da Procuradoria-Geral da República descreve uma adesão ativa de Tagliaferro a grupos investigados por tentativa de golpe de Estado. o órgão aponta que o ex-assessor teria revelado informações confidenciais com o objetivo de obstruir investigações e alimentar narrativas antidemocráticas.
Para o Ministério Público, há um nexo direto entre as ações de Tagliaferro e as redes de desinformação que atuaram de forma coordenada para atacar o STF e o TSE durante o período eleitoral. Essas redes estariam ligadas a figuras políticas e influenciadores bolsonaristas, que amplificaram discursos contra ministros e estimularam a descrença na justiça eleitoral.
O próprio Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos antidemocráticos e presidente do TSE até 2024, já havia alertado para o uso sistemático de estruturas digitais com o objetivo de corromper o debate público e criar um ambiente de desconfiança institucional. O voto do ministro, portanto, reafirma a posição do Supremo de tolerância zero com servidores e ex-servidores que se alinham a tais práticas.
Tagliaferro está na Itália e responde a processo de extradição
O ex-assessor Eduardo Tagliaferro deixou o Brasil e atualmente está na Itália, onde responde a um processo de extradição. Desde a saída do país, tem utilizado suas redes sociais para divulgar mensagens de apoio a figuras políticas de extrema direita e atacar o Supremo Tribunal Federal.
A PGR destacou, em manifestação ao STF, que o investigado anunciou publicamente a intenção de revelar novas informações sigilosas, além de lançar uma campanha de arrecadação de recursos para financiar suas atividades no exterior. Essa conduta reforça a avaliação de que ele permanece em atuação ativa contra as instituições democráticas brasileiras.
O voto de Alexandre de Moraes pela transformação da denúncia em ação penal, portanto, amplia a responsabilidade jurídica de Tagliaferro e pavimenta o caminho para sua responsabilização criminal, ainda que ele se encontre fora do país. O processo poderá ser conduzido em paralelo ao pedido de extradição, conforme previsão da legislação internacional.
A estratégia do STF diante dos ataques à democracia
Desde 2020, o Supremo Tribunal Federal vem consolidando uma estratégia institucional de enfrentamento às ameaças digitais à democracia, com foco na responsabilização de indivíduos e grupos que promovem ataques coordenados às instituições. Sob a relatoria de Alexandre de Moraes, inquéritos como o dos atos antidemocráticos, das milícias digitais e das fake news formam a espinha dorsal da atuação do tribunal nesse campo.
Esses processos expuseram a existência de uma rede estruturada, com financiadores, estrategistas de comunicação e agentes públicos, que buscavam descredibilizar o sistema eleitoral e pressionar o STF por meio da radicalização digital.
A decisão de Alexandre de Moraes de votar pela abertura de ação penal contra um ex-servidor do TSE simboliza uma mensagem institucional clara: o tribunal não tolerará infiltrações internas nem desvios funcionais que comprometam a integridade do processo democrático. O ministro reforça a ideia de que a defesa da democracia exige vigilância constante, inclusive dentro das próprias estruturas do Estado.
Os próximos passos do julgamento no STF
O julgamento ocorre no plenário virtual da Primeira Turma, formado por cinco ministros: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Cada um registra o voto de forma eletrônica até o dia 14 de novembro.
Caso o voto de Alexandre de Moraes prevaleça, Eduardo Tagliaferro será tornado réu e responderá formalmente às acusações perante o STF. O processo seguirá para a fase de instrução, com coleta de provas, depoimentos e oitivas de testemunhas.
A expectativa é de que os demais ministros sigam a posição do relator, uma vez que as provas apresentadas pela PGR apontam comprometimento direto da função pública e quebra de dever funcional em contexto de ataque às instituições democráticas.
O caso, que envolve o nome de um ex-servidor do TSE e se conecta a investigações sobre fake news, golpismo digital e financiamento de atos antidemocráticos, deve servir como precedente relevante para futuras ações sobre responsabilidade de agentes públicos que colaboram com redes de desinformação.
Contexto político e jurídico do caso
A atuação de Alexandre de Moraes se insere em um ambiente político polarizado, em que parte da sociedade civil e da classe política tenta redefinir os limites entre liberdade de expressão e ataques às instituições.
Desde a escalada de atos violentos em 8 de janeiro de 2023, o Supremo endureceu o controle sobre discursos que incentivam a ruptura institucional e a criminalização do processo eleitoral. A transformação de Tagliaferro em réu reforça a tese de que o combate à desinformação é elemento central na proteção do Estado Democrático de Direito.
Especialistas em direito constitucional avaliam que a decisão de Alexandre de Moraes fortalece o papel do STF como guardião da Constituição e sinaliza um alerta interno: funcionários públicos e ex-assessores que manipulem dados sensíveis ou atuem contra a democracia podem ser enquadrados com base em crimes graves.
Significado simbólico e institucional
Ao votar pelo recebimento da denúncia, Alexandre de Moraes reafirma uma postura que marcou sua trajetória no Supremo: o enfrentamento firme às tentativas de subversão do sistema democrático.
O episódio envolvendo um ex-assessor do TSE tem peso simbólico duplo — por um lado, representa uma falha institucional interna; por outro, mostra que mecanismos de controle e responsabilização funcionam mesmo quando os acusados pertencem às próprias estruturas da Justiça Eleitoral.
A mensagem é direta: a democracia brasileira não será complacente com sabotagens internas. A atuação de Alexandre de Moraes e da PGR neste caso reforça o papel do Judiciário na reconstrução da confiança pública e na reafirmação da autoridade das instituições diante de ataques coordenados.
Um voto que consolida a proteção institucional
A decisão de Alexandre de Moraes de votar pela abertura de ação penal contra Eduardo Tagliaferro é mais do que um ato jurídico — é uma declaração política e institucional de defesa da democracia.
Em um país ainda marcado pelos reflexos das crises de 2022 e 2023, o Supremo reafirma que não há espaço para agentes públicos que atentem contra o Estado de Direito. A postura do ministro consolida o entendimento de que a integridade do processo eleitoral é inegociável e que a função pública exige compromisso absoluto com a Constituição.
Com o voto do relator, o caso Tagliaferro passa a integrar o histórico de decisões emblemáticas que definem a doutrina contemporânea de proteção das instituições democráticas no Brasil.






