IGP-M volta a subir na prévia de novembro e aceleração do IPC-S em capitais reacende alerta inflacionário
A prévia de novembro marcou a reversão do comportamento recente dos índices de preços monitorados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O IGP-M hoje, indicador amplamente utilizado na correção de contratos, seguros, aluguéis e tarifas, voltou ao campo positivo após registrar queda na leitura anterior. A alta de 0,32% interrompe uma sequência de recuos e reacende debates sobre a dinâmica inflacionária no fim do ano, especialmente em setores ligados à produção e à construção civil.
A reversão ocorre em um momento de volatilidade econômica, com oscilações no setor produtivo, pressões sobre insumos e desafios persistentes no mercado internacional. A composição interna do índice mostra que a retomada da inflação medida pelo IGP-M foi liderada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), responsável por cerca de 60% da estrutura do indicador e sensível às variações de commodities e bens intermediários.
O movimento também encontrou respaldo no avanço do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), que voltou a apresentar alta mais intensa, influenciada por reajustes em materiais e serviços ligados ao setor. Em contrapartida, a desaceleração observada no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) indica que, pelo menos no curto prazo, o alívio para o consumidor final ainda não se consolidou.
Componentes do IGP-M mostram cenário heterogêneo entre atacado, construção e varejo
A alta de 0,32% do IGP-M hoje foi diretamente influenciada pelo comportamento do IPA-M, que passou de retração de 0,63% em outubro para avanço de 0,36% na segunda prévia de novembro. Esse movimento revela um reaquecimento dos preços no atacado, refletindo ajustes em cadeias produtivas que vinham operando sob pressão de custos desde o início do segundo semestre.
O INCC-M também contribuiu para a retomada, passando de 0,21% para 0,27%. O setor da construção, que tem enfrentado dificuldades com logística e encarecimento de insumos, continua apresentando oscilações importantes no ano, demandando atenção de investidores, incorporadoras e empresas de infraestrutura.
No sentido contrário, o IPC-M apresentou leve desaceleração, passando de 0,25% para 0,23%. Apesar de parecer um movimento marginal, a dinâmica do varejo permanece chave para calibrar expectativas de inflação ao consumidor. Categorias como alimentação, transporte e serviços continuam sujeitas a variáveis sazonais, climáticas e macroeconômicas.
A heterogeneidade dos componentes do IGP-M hoje demonstra que o final de ano mantém desafios estruturais, sobretudo em setores que ainda enfrentam custos elevados de produção e volatilidade cambial.
IPC-S acelera em quatro capitais e reforça alerta sobre inflação local
Paralelamente ao comportamento do IGP-M, a FGV também divulgou os resultados do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), que acelerou em quatro das sete capitais analisadas na segunda quadrissemana de novembro. O índice geral passou de 0,23% para 0,24%, configurando um leve movimento de alta no ritmo inflacionário.
A aceleração mais expressiva ocorreu em Brasília, que passou de 0,37% para 0,55%, influenciada por aumentos de preços em setores de serviços e produtos alimentícios. O resultado da capital federal se destaca por representar uma das maiores variações entre todas as capitais, refletindo condições específicas do mercado local.
No Rio de Janeiro, o índice avançou de 0,11% para 0,19%, enquanto São Paulo apresentou variação mais moderada, indo de 0,29% para 0,30%. Em Belo Horizonte, apesar de seguir no campo negativo, houve redução da queda, de -0,14% para -0,08%, o que demonstra uma acomodação de preços após semanas de volatilidade.
Porto Alegre manteve exatamente a mesma taxa da leitura anterior, indicando estabilidade. Já Salvador e Recife apresentaram desaceleração, reforçando que o comportamento inflacionário no país ainda se mostra fragmentado.
A dinâmica das capitais: por que há comportamentos tão distintos entre as regiões?
O avanço do IPC-S em algumas capitais e a desaceleração em outras se explicam por uma combinação de fatores regionais, como diferenças na oferta de produtos, sazonalidade, condições climáticas, reajustes tarifários e particularidades dos mercados locais. A análise do IGP-M hoje e do IPC-S revela que, embora o Brasil compartilhe tendências macroeconômicas, a inflação se manifesta de maneira desigual entre os estados.
Brasília, por exemplo, frequentemente apresenta oscilações mais sensíveis devido ao peso maior do setor de serviços na composição do índice local. Já São Paulo, maior centro econômico do país, costuma demonstrar ajustes gradativos, influenciados por cadeias de suprimentos mais complexas e maior diversificação de oferta.
Salvador e Recife, que registraram desaceleração, refletem movimentos opostos ao do eixo Centro-Sul, marcados por menores pressões sobre alimentos e transportes. A pluralidade desses comportamentos reforça a necessidade de análises regionais para entender a real pressão inflacionária sobre o consumidor final.
O papel do IGP-M em contratos, aluguéis e negociações
O IGP-M hoje é considerado um dos índices econômicos mais relevantes do país, sendo amplamente utilizado para atualização de aluguéis, contratos de prestação de serviços, planos de saúde empresariais e tarifas variadas. Qualquer mudança em sua trajetória impacta negociações em diferentes segmentos, especialmente no setor imobiliário.
Nos últimos anos, o índice recebeu atenção especial devido a períodos de forte volatilidade. Em diversos momentos, a inflação acumulada do IGP-M superou, com folga, outros indicadores, provocando renegociações e debates entre locadores e locatários. Em 2025, o movimento do índice tem sido irregular, influenciado por fatores externos, como câmbio, commodities e cadeias internacionais de suprimentos.
A alta de 0,32% na prévia de novembro, embora inferior a variações mais intensas observadas em ciclos anteriores, representa uma inversão de tendência e deve influenciar expectativas para o fechamento do ano.
Pressões inflacionárias no atacado sugerem cautela nos próximos meses
A retomada do IPA-M indica que setores produtivos ainda enfrentam pressões significativas. Oscilações no preço de matérias-primas, demandas globais desorganizadas e custos de logística elevados continuam exercendo influência sobre indústrias e distribuidores.
O comportamento do atacado costuma antecipar tendências que chegam ao consumidor com algum atraso. Por isso, a alta registrada no IPA-M pode sugerir que o varejo deverá sentir os impactos nos meses seguintes, sobretudo em categorias mais sensíveis, como alimentos, materiais de construção, combustíveis e produtos importados.
Essa relação direta entre atacado e varejo mantém o IGP-M hoje como uma das principais ferramentas para antecipar rumos da inflação brasileira.
Construção civil mantém trajetória de custos elevados
O avanço do INCC-M, ainda que moderado, demonstra que a construção civil continua operando sob pressão em 2025. O setor enfrenta desafios desde a pandemia, com oscilações de preços em itens essenciais, como aço, cimento, brita, tubos e materiais hidráulicos.
Dificuldades logísticas e maior demanda por obras públicas e privadas também contribuem para manter os preços pressionados. Para incorporadoras, construtoras e financiadoras, cada variação do INCC-M altera custos de execução, orçamentos e cronogramas de empreendimentos.
A influência do setor sobre o IGP-M hoje reforça a importância de monitorar movimentos desse segmento para compreender o comportamento inflacionário mais amplo.
Varejo apresenta alívio parcial, mas trajetória ainda é incerta
A leve desaceleração do IPC-M indica que o consumidor, por enquanto, enfrenta variações mais moderadas nos preços finais. No entanto, fatores sazonais do fim do ano podem influenciar a trajetória do varejo, como:
• maior demanda por bens duráveis;
• impacto das festas e férias;
• reajustes de serviços;
• oscilações climáticas que afetam itens alimentícios.
Mesmo com desaceleração, o comportamento do varejo ainda depende da transmissão dos aumentos registrados no atacado e na construção.
Expectativas para o fechamento de novembro e perspectivas para 2025
Com a retomada do IGP-M hoje, economistas avaliam que o indicador pode terminar o mês em campo positivo, dependendo do comportamento das commodities, do dólar e de variações pontuais em insumos industriais. O IPC-S, por sua vez, deve continuar oscilando conforme as dinâmicas regionais.
Para 2025, a expectativa predominante é de desaceleração inflacionária moderada, embora fatores externos — como tensões geopolíticas, decisões de política monetária global e preços de energia — possam alterar o cenário.
O comportamento dos índices divulgados pela FGV nesta segunda prévia de novembro reforça a relevância de monitorar atentamente as condições do atacado, varejo e construção, já que esses segmentos moldam a estrutura de preços da economia brasileira.
A retomada do IGP-M hoje e a aceleração do IPC-S em capitais importantes mostram que, mesmo em um cenário de desaceleração inflacionária no ano, pressões localizadas continuam presentes. A economia brasileira segue diante de desafios que envolvem custos de produção, logística, demanda regional e impactos externos. Os resultados desta prévia reforçam a necessidade de atenção contínua ao comportamento dos preços e às variáveis que moldam o ambiente macroeconômico nacional.






