O advogado Fábio Wajngarten, integrante da equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, negou ter conhecimento de qualquer negociação relacionada à compra ou venda de itens valiosos recebidos pelo então presidente durante seu mandato. Esta declaração surge em resposta a uma série de mensagens interceptadas pela Polícia Federal e reveladas recentemente.
Em uma das mensagens, o advogado é mencionado em uma troca de diálogo com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, sobre a entrega de joias a um órgão competente. Wajngarten esclareceu em suas redes sociais que o diálogo se referia à entrega voluntária das joias ao Tribunal de Contas da União (TCU), com o objetivo de evitar dúvidas e interpretações equivocadas.
Wajngarten, que também ocupou o cargo de secretário de Comunicação durante o governo Bolsonaro, concentrou-se apenas na referência ao seu nome na Operação Lucas 12:2. Ele não foi alvo da ação e não está sendo investigado. Em sua declaração pública, o advogado não comentou as suspeitas que pairam sobre outros auxiliares próximos ao ex-presidente.
A Operação Lucas 12:2, conduzida pela Polícia Federal, visa investigar a possibilidade do uso da estrutura do Estado para desviar bens de alto valor que foram entregues por autoridades em missões oficiais a membros do governo Bolsonaro. Entre os bens em questão estão joias valiosas que foram supostamente negociadas nos Estados Unidos. A operação teve como alvos o general do Exército Mauro César Lourena Cid, o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef, conhecido por suas ligações com a família Bolsonaro.
Parte dessas joias veio a público no início do ano por meio de uma reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo“, que revelou uma tentativa de ingresso ilegal desses objetos valiosos no país, contrariando as normas da Receita Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU).
O Tribunal de Contas da União havia determinado, em março, que parte desses itens fosse devolvida. Wajngarten afirmou que sua troca de mensagens com Mauro Cid se referia a esse assunto, especificamente à “antecipação” da entrega desses objetos ao TCU antes de um pedido formal. Ele reiterou que apenas sugeriu a antecipação da entrega ao tribunal.
Na documentação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Polícia Federal, há menções a Wajngarten em conversas com Mauro Cid sobre joias trazidas por Bento Albuquerque, então ministro, da Arábia Saudita em 2021. Apesar disso, o advogado não comentou sobre esses trechos da conversa.
A investigação da Polícia Federal sugere que os envolvidos na operação possam estar utilizando a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor, o que poderia configurar crimes como peculato e lavagem de dinheiro.