O governo brasileiro enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que visa regulamentar a atividade dos motoristas de aplicativos de quatro rodas. Com potencial para impactar cerca de 704 mil profissionais, o projeto aborda questões cruciais, como negociação coletiva, inclusão na Previdência Social e valor mínimo de remuneração.
Entre as mudanças propostas, uma das mais significativas é a obrigatoriedade das empresas de aplicativos informarem aos motoristas sobre os critérios para oferta de viagens, pontuação, bloqueio, suspensão e exclusão da plataforma, em linguagem clara e de simples entendimento. Isso visa trazer mais transparência para a relação entre trabalhadores e empresas.
Além disso, o projeto estabelece que os motoristas poderão firmar acordos ou convenções coletivas para negociar benefícios e direitos não previstos na legislação. Esses acordos serão representados por sindicatos devidamente registrados, garantindo uma voz coletiva para a categoria.
No que diz respeito à remuneração, o projeto fixa um valor mínimo de R$ 32,90 por hora trabalhada, sendo uma parte destinada a cobrir os custos do trabalho e outra como remuneração efetiva para o trabalhador. Além disso, as empresas não poderão limitar a distribuição de viagens quando o motorista atingir a remuneração horária mínima.
Outro ponto relevante nesse modelo é a inclusão obrigatória dos motoristas na Previdência Social, com contribuições tanto por parte dos trabalhadores quanto das empresas de aplicativos. Isso garantirá acesso a benefícios como auxílio doença e licença maternidade, proporcionando mais segurança aos profissionais.
A proposta recebeu comentários da Uber, uma das principais empresas do setor, que considerou o projeto como um importante marco para a regulamentação do trabalho intermediado por plataformas. A empresa destacou a importância do diálogo entre representantes dos trabalhadores, do setor privado e do governo para chegar a uma regulamentação equilibrada.
Agora, o projeto seguirá para análise dos parlamentares, onde poderá sofrer modificações antes de ser votado e, eventualmente, se tornar lei. Enquanto isso, os motoristas de aplicativos aguardam com expectativa as possíveis mudanças que poderão impactar suas condições de trabalho e remuneração.