Em um mundo onde uma em cada dez crianças é obrigada a trabalhar para sustentar a si mesma ou sua família, o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho, nos lembra da urgência em combater essa violação dos direitos humanos. Estimativas da ONU indicam que cerca de 160 milhões de crianças estão em situação de trabalho infantil, um problema que persiste, sobretudo, em regiões de baixa renda per capita.
Trabalho Infantil: Um Panorama Global
Foto: Vatican News/Reprodução
A distribuição do trabalho infantil pelo mundo apresenta variações significativas entre regiões. Enquanto a porcentagem de crianças trabalhando é maior em países de baixa renda per capita, em números absolutos, as economias de renda média são as mais afetadas.
África: A Região Mais Impactada
A África lidera esse triste ranking, com 72 milhões de crianças e adolescentes envolvidos no trabalho infantil, representando um quinto do total mundial. As condições socioeconômicas adversas, combinadas com falta de acesso à educação e proteção social, agravam o cenário.
Ásia e Pacífico: Uma Realidade Alarmante
Na Ásia e no Pacífico, 62 milhões de menores estão envolvidos em trabalhos que muitas vezes comprometem sua saúde e educação, representando 7% do total global. A grande população dessas regiões contribui para os números absolutos elevados, embora a porcentagem relativa seja menor que na África.
América Latina e Outras Regiões
As Américas, com 11 milhões de menores trabalhando, representam 6,8% do total. Já a Europa e Ásia Central, com cerca de 6 milhões, respondem por 3,7%. Nos Estados Árabes, a situação é menos prevalente em termos absolutos, com 1 milhão de crianças trabalhadoras, equivalente a 0,6% do total global.
Proteção Legal e Esforços Internacionais
A ONU e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) têm promovido a ratificação e implementação de tratados como a Convenção 182, que trata das piores formas de trabalho infantil, e o Tratado sobre a Idade Mínima. Desde 2000, houve progressos significativos na redução do trabalho infantil, mas os avanços foram ameaçados por conflitos bélicos, crises econômicas e a pandemia da covid-19, que empurraram mais famílias para a pobreza.
A Realidade do Trabalho Infantil no Brasil
No Brasil, os desafios são similares aos do cenário global. De acordo com o Disque 100, no primeiro semestre de 2024, foram registradas 1.251 denúncias de trabalho infantil. A desigualdade social, pobreza e racismo estrutural são apontados como as principais causas.
Aumento Durante o Governo Bolsonaro
Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), o trabalho infantil no Brasil aumentou. Em 2022, o país registrou 1,9 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil, representando 4,9% dessa faixa etária, conforme dados do IBGE. A população dessa faixa etária diminuiu 1,4% entre 2019 e 2022, mas o número de crianças trabalhando cresceu 7%.
Esforços do Governo Lula
Em 2023, sob a gestão do governo Lula, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 2.564 crianças e adolescentes de situações de trabalho infantil, um aumento de 10,3% em relação ao ano anterior. Este esforço mostra um compromisso renovado com a erradicação do trabalho infantil no país.
O trabalho infantil é uma questão complexa e multifacetada que exige ações coordenadas em nível global e local. A implementação de políticas públicas eficazes, a promoção de direitos humanos e a garantia de acesso à educação são fundamentais para erradicar essa prática. A ONU e a OIT continuam a desempenhar papéis cruciais nesse combate, mas é essencial que os governos nacionais, incluindo o Brasil, intensifiquem seus esforços para proteger suas crianças.