Após um início de ano com um crescimento econômico brasileiro surpreendentemente robusto, especialmente impulsionado pelo desempenho do agronegócio, as expectativas agora se voltam para um possível abrandamento nos trimestres subsequentes. De acordo com economistas, a previsão é de um crescimento positivo do Produto Interno Bruto (PIB), mas com números bem próximos da estabilidade.
A média das estimativas consensuais indica um aumento trimestral de 0,3%. Os dados oficiais serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima sexta-feira, 1º de setembro. No primeiro trimestre deste ano, o PIB registrou um crescimento de 1,9%.
Especialistas, como o economista e professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Ivo, esperam um crescimento próximo de 0% a 0,2% em termos reais. Ivo aponta indicadores antecedentes, como a produção industrial e a pesquisa mensal de serviços, que indicaram um baixo crescimento econômico. Ele também menciona uma possível desaceleração no setor agropecuário, que cresceu 18,8% no primeiro trimestre de 2023. No acumulado do ano, o PIB deve crescer 2,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O consumo das famílias e os investimentos serão fatores chave, de acordo com Ivo, mas o endividamento da população e as taxas de juros elevadas podem limitar o crescimento nesses aspectos. No entanto, a balança comercial, beneficiada pela taxa de câmbio e pelos preços das commodities, pode ajudar a sustentar a demanda agregada.
Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, estima um crescimento de 0,2% no segundo trimestre. Ele destaca a dependência das incertezas e da performance do agronegócio. A taxa de juros, embora tenha potencial para desacelerar o consumo das famílias e os investimentos das empresas, não parece estar causando uma retração significativa na economia até o momento.
Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas, espera uma desaceleração no crescimento do PIB para 0,2% no segundo trimestre, devido à desaceleração no setor agropecuário. No entanto, ela destaca a resiliência do setor de serviços e a retomada do crescimento da indústria como fatores positivos. A demanda doméstica, apoiada pelo mercado de trabalho sólido e pela confiança das famílias, também deve contribuir para o crescimento econômico.
Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, concorda que o ambiente econômico interno parece mais favorável agora, com questões fiscais sendo abordadas e reformas sendo consideradas no Congresso. Ele espera uma retomada nos investimentos e no consumo, apesar da inadimplência, impulsionada por um clima de negócios otimista.