O mês de junho apresentou dados preocupantes para a indústria siderúrgica brasileira. Segundo um relatório do Banco Safra, as exportações de aço caíram significativamente, enquanto as importações continuaram a crescer. Este cenário desafia os produtores locais e pode ter implicações importantes para o mercado e para as ações das principais empresas do setor.
Queda nas Exportações
Desempenho Geral
As exportações de aço brasileiro sofreram uma queda de 42% em junho de 2024, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esta diminuição é particularmente acentuada nos segmentos de aços planos, longos e semiacabados.
Segmentos Específicos
- Aços Planos: As exportações caíram 50%. Este tipo de aço é amplamente utilizado na fabricação de automóveis, eletrodomésticos e na construção civil.
- Aços Longos: A queda foi ainda mais acentuada, com uma redução de 62%. Este segmento é crucial para a construção civil, sendo usado em vigas, barras e outros elementos estruturais.
- Aços Semiacabados: Houve uma queda de 45%. Estes produtos são intermediários no processo de produção de aço e podem ser transformados em uma variedade de produtos finais.
Aumento nas Importações
Crescimento Geral
Contrariamente às exportações, as importações de aço aumentaram 5% em junho de 2024, comparado a junho de 2023. Este aumento foi impulsionado principalmente por produtos semiacabados, que ainda estão em processo de fabricação.
Segmentos Específicos
- Aços Longos: As importações deste segmento recuaram 8%. Apesar disso, a entrada de produtos semiacabados aumentou significativamente.
- Aços Planos: As importações aumentaram 3%. Este crescimento, embora modesto, contribui para o aumento geral nas importações.
- Aços Semiacabados: O maior aumento foi neste segmento, com uma alta de 34%. Este aumento pode pressionar ainda mais os produtores locais, que enfrentam a concorrência de produtos estrangeiros.
Implicações para o Mercado
Análise do Banco Safra
Os analistas Ricardo Monegaglia e Conrado Vegner, do Banco Safra, destacam que este movimento pode pressionar os produtores locais devido à entrada de produtos vindos do exterior. Apesar disso, o banco manteve sua recomendação outperform (equivalente a compra) para as ações da Usiminas (USIM5).
Recomendação para Usiminas
- Usiminas (USIM5): O Safra manteve a recomendação outperform, com um preço-alvo de R$ 10,50. Este valor representa um potencial de crescimento de 29% em relação ao preço atual de R$ 8,15.
Recomendação para Gerdau e CSN
- Gerdau (GGBR4): A recomendação é neutra, com um preço-alvo de R$ 22,10 e um potencial de crescimento de 21% em relação ao preço atual de R$ 18,24.
- CSN (CSNA3): Também com recomendação neutra, o preço-alvo é de R$ 16,90, representando um potencial de crescimento de 24% em relação ao preço atual de R$ 13,67.
Desafios e Oportunidades
Desafios para os Produtores Locais
A queda nas exportações e o aumento das importações colocam um desafio significativo para os produtores locais de aço. A competição com produtos estrangeiros pode pressionar as margens de lucro e demandar ajustes estratégicos nas operações e no planejamento de produção.
Oportunidades para Investidores
Apesar dos desafios, há oportunidades para investidores, especialmente na Usiminas. A recomendação de compra do Banco Safra sugere que a empresa pode estar bem posicionada para superar os obstáculos atuais e capitalizar sobre eventuais melhorias no mercado.
Os dados de junho de 2024 refletem um cenário complexo para a indústria siderúrgica brasileira. A queda nas exportações e o aumento nas importações indicam desafios significativos para os produtores locais, mas também apontam oportunidades para investidores atentos. A análise do Banco Safra oferece insights valiosos sobre as principais empresas do setor, ajudando a guiar decisões de investimento em um mercado dinâmico e competitivo.