Rio de Janeiro, 26 de julho de 2024 – A Petrobras está em fase final de due diligence para uma possível oferta de aquisição da refinaria de Mataripe, vendida ao fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, por US$ 1,65 bilhão em 2021. A recompra da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) faz parte de um movimento estratégico alinhado com as diretrizes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se posicionou contra a venda de refinarias da estatal durante sua campanha eleitoral.
Contexto da Venda e Repercussões
A venda da RLAM ocorreu durante a pandemia de Covid-19, período em que o mercado sofreu grandes oscilações. A Controladoria-Geral da União (CGU) indicou que a refinaria pode ter sido vendida abaixo do valor de mercado. O Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), apoiado por sindicatos, estimou que a RLAM valia entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões na época da venda, muito acima dos US$ 1,65 bilhão negociados.
Negociações em Curso
As discussões para a recompra da refinaria estão em andamento há vários meses e têm sido complexas devido a diferenças na avaliação do valor da refinaria. Fontes indicam que a Petrobras está considerando oferecer o preço pago em 2021, ajustado com juros e reembolsos dos investimentos feitos pelo Mubadala para modernizar a planta.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que a recompra só deve ser feita se for altamente atrativa e estratégica para a Petrobras. Silveira também mencionou que está em conversas com representantes da refinaria de Mataripe.
Estrutura da Possível Recompra
Uma proposta inicial sugeria que a Petrobras adquirisse uma participação de 80% na refinaria e fizesse um investimento minoritário na unidade de biorrefino, um projeto paralelo proposto pelo Mubadala. No entanto, essa estrutura pode ser revista após a substituição do CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, em maio.
Impactos no Mercado de Refino
A Petrobras, que possui 11 refinarias responsáveis por cerca de 80% da produção nacional de combustíveis fósseis, vendeu duas unidades durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, focando seus esforços na exploração em águas profundas. A RLAM, construída na década de 1950, é a segunda maior refinaria do Brasil e tem a maior capacidade de produção de gasolina, diesel e outros derivados de petróleo no Norte e Nordeste do país.
A participação do Mubadala no mercado de refino brasileiro é significativamente menor em comparação à Petrobras, e o fundo soberano considerou a venda da refinaria devido à suposição de que a estatal venderia várias outras refinarias, o que não ocorreu.
Declarações dos Especialistas
Adriano Pires, especialista da indústria petrolífera, argumenta que a recompra pela Petrobras é lógica, considerando que a presença de um investidor privado como Mubadala no mercado de refino brasileiro não faz mais sentido. Segundo Pires, a recompra da RLAM é inevitável para reequilibrar o mercado e fortalecer a posição estratégica da Petrobras.
Perspectivas Futuras
A Petrobras não comentou oficialmente sobre as negociações em andamento, e os representantes da Mubadala também não se pronunciaram. A decisão final sobre a recompra dependerá de vários fatores, incluindo a avaliação final do valor da refinaria, a estrutura do acordo e as condições de mercado.
A recompra da RLAM, se concretizada, representará um movimento estratégico importante para a Petrobras, alinhando-se com as políticas governamentais e reforçando a capacidade de refino da estatal. A decisão também poderá influenciar a dinâmica do mercado de combustíveis no Brasil, com impactos significativos para consumidores e investidores.