Na madrugada de segunda-feira (horário local), a capital libanesa, Beirute, voltou a ser alvo de ataques aéreos israelenses. Um prédio residencial na região de Kola, no sudeste da cidade, foi atingido, resultando na morte de pelo menos duas pessoas, segundo informações da Agência Reuters. Este ataque marca a ação israelense mais próxima do centro de Beirute desde o início da nova ofensiva militar, que até então vinha se concentrando principalmente nas áreas ao sul da capital libanesa.
De acordo com um comunicado divulgado pela Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), três de seus líderes foram mortos durante o bombardeio. A organização, historicamente alinhada contra as forças israelenses, acusou Israel de direcionar seus ataques a áreas civis com o objetivo de desestabilizar a resistência palestina.
Ataques crescentes e temores de escalada regional
Os recentes ataques israelenses, especialmente em áreas densamente povoadas como Beirute, têm gerado grande preocupação sobre a possibilidade de um conflito mais amplo no Oriente Médio. A intensificação das ações militares de Israel contra grupos como o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen tem aumentado o temor de que a guerra se expanda para envolver potências regionais, como o Irã, e globais, como os Estados Unidos — o principal aliado de Israel na região.
A morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no domingo, também provocou uma nova onda de ataques. Nasrallah era visto como uma figura central na resistência libanesa contra Israel e sua morte representa um golpe significativo para o Hezbollah, que promete retaliar. O exército israelense, no entanto, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ataque mais recente a Beirute.
Cenário de destruição: mais de 100 mortos e centenas de feridos
No domingo, os bombardeios israelenses no Líbano já haviam deixado um rastro de destruição. O Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 100 pessoas foram mortas e cerca de 350 ficaram feridas em ataques aéreos realizados por Israel ao longo do dia. As ofensivas se concentraram em áreas controladas pelo Hezbollah, mas também afetaram outras regiões civis, aumentando a tensão entre as populações locais e colocando pressão sobre o governo libanês para reagir.
Testemunhas relataram à Reuters que, após o ataque de segunda-feira em Kola, foi possível ver fumaça saindo de um dos andares superiores do prédio atingido, evidenciando o impacto direto da ofensiva aérea. O cenário de caos e medo tem se espalhado por Beirute, uma cidade que ainda tenta se recuperar das cicatrizes deixadas pela explosão no porto em 2020, além das crises política e econômica que afligem o Líbano.
Hezbollah e Houthis: Aumentam as preocupações sobre o Irã
A frequência e a intensidade dos ataques aéreos de Israel contra grupos como o Hezbollah e os Houthis levantam questionamentos sobre as motivações de longo prazo de Israel no conflito. Especialistas acreditam que Israel esteja buscando enfraquecer as forças de resistência antes que um eventual cessar-fogo seja negociado. No entanto, o risco de um envolvimento maior do Irã — que apoia tanto o Hezbollah quanto os Houthis — continua a ser uma das principais preocupações para analistas da geopolítica regional.
O Irã, embora ainda não tenha se envolvido diretamente nas recentes hostilidades, tem apoiado militar e financeiramente esses grupos, o que poderia arrastar o país para o conflito, caso as tensões continuem a aumentar. O envolvimento dos Estados Unidos, que fornece amplo apoio militar a Israel, também pode ampliar as proporções do conflito, transformando-o em um cenário de guerra entre potências globais.
Cenários futuros: O que esperar?
Embora o Exército de Israel não tenha se manifestado sobre o ataque ao prédio residencial em Kola, a continuidade das operações militares no Líbano, somada à ausência de um cessar-fogo entre Israel e os grupos armados da região, sugere que os confrontos devem se intensificar nos próximos dias.
A Frente Popular para a Libertação da Palestina e outros grupos de resistência já afirmaram que continuarão lutando contra o que chamam de “ocupação israelense”. Ao mesmo tempo, o Hezbollah, mesmo abalado pela morte de Hassan Nasrallah, deve seguir retaliando com ataques ao território israelense, o que poderá gerar novos bombardeios em solo libanês.
A situação é extremamente delicada, já que qualquer erro de cálculo por parte de Israel ou do Hezbollah pode resultar em um conflito de grandes proporções, envolvendo outros países do Oriente Médio, como o Irã e a Síria, e possivelmente até mesmo as forças norte-americanas, presentes na região.
A perspectiva do cessar-fogo
Diversos analistas políticos avaliam que o Hezbollah não deverá diminuir seus ataques enquanto não houver uma negociação clara de cessar-fogo. Israel, por sua vez, tem adotado uma postura cada vez mais dura em relação ao grupo, na tentativa de mudar o equilíbrio de poder na região. No entanto, a história mostra que as tentativas de Israel de enfraquecer o Hezbollah, seja por via militar ou diplomática, geralmente resultam em ciclos de retaliação que trazem novos episódios de violência.
O governo libanês, por sua vez, se encontra em uma posição extremamente delicada. Envolto em uma profunda crise econômica, política e social, o Líbano tem poucas condições de lidar com as consequências de um novo conflito de larga escala. A população, que já sofre com a falta de serviços básicos e a inflação galopante, agora vive sob o medo constante de novos ataques aéreos, sem perspectivas claras de paz no curto prazo.
Caminho para a paz ainda distante
A ofensiva israelense em Beirute, particularmente com o ataque a um prédio residencial em Kola, representa mais um capítulo na longa e complexa história de conflitos entre Israel e os grupos de resistência no Líbano. Com mais de 100 mortos nos últimos dias e centenas de feridos, a escalada da violência sugere que a paz ainda está distante, especialmente com a ausência de um cessar-fogo imediato.
À medida que Israel intensifica seus ataques e o Hezbollah promete retaliações, o cenário de guerra no Oriente Médio pode se ampliar, envolvendo mais atores regionais e globais. Para a população civil libanesa, resta apenas aguardar por soluções diplomáticas que, no momento, parecem cada vez mais improváveis.