A Secretaria do Tesouro Nacional anunciou que na terça-feira, dia 22 de outubro, o programa Tesouro Direto não realizará vendas de títulos públicos devido à greve dos servidores do órgão. Esta é a quarta vez em menos de um mês que o programa sofre interrupção nas vendas, trazendo impactos para os investidores que utilizam essa modalidade de investimento.
A paralisação, que tem como modelo uma das principais reivindicações o aumento salarial para os servidores, está ocorrendo desde o início de agosto, afetando diversos serviços operacionais do Tesouro Nacional. A greve exige a inclusão de reajustes salariais na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 e no orçamento do próximo ano, atualmente em tramitação no Congresso Nacional.
Impactos para os Investidores
Em comunicado oficial, o Tesouro Nacional afirmou que todos os agendamentos de compras de títulos para o dia 22 de outubro serão cancelados. A recomendação do órgão é que os investidores realizem novos agendamentos de compras para datas posteriores.
Por outro lado, o Tesouro ressaltou que os resgates antecipados e agendamentos de resgates seguirão funcionando normalmente na terça-feira. Isso significa que, apesar da paralisação nas vendas, os investidores que desejarem resgatar seus títulos antes do prazo estipulado poderão realizar a operação sem problemas.
Essa suspensão temporária afeta diretamente investidores que tinham planos de ampliar sua carteira de títulos públicos, especialmente os que buscam aproveitar as oportunidades de compra em momentos de taxa de juros favoráveis ou inflação elevada, características do atual cenário econômico brasileiro.
Tesouro Direto em Alta: Recordes de Investimentos em Agosto
Mesmo em meio à greve, o Tesouro Nacional divulgou números impressionantes relativos às operações de investimento no Tesouro Direto em agosto de 2024. O mês registrou 716.115 operações, com um valor total de R$ 8,01 bilhões, o maior valor já registrado na série histórica do programa.
Outro dado que chama a atenção é o volume de resgates, que atingiu a marca de R$ 12,95 bilhões, sendo R$ 2,98 bilhões referentes a recompras de títulos e R$ 9,97 bilhões relacionados a vencimentos. Com isso, houve um resgate líquido de R$ 4,94 bilhões no período, o que significa que mais títulos foram resgatados do que adquiridos em agosto.
Esses números refletem o crescente interesse dos brasileiros por investimentos de baixo risco e que oferecem proteção contra a inflação, como é o caso dos títulos públicos oferecidos pelo Tesouro Direto.
Crescimento do Número de Investidores
O Tesouro Direto segue ampliando sua base de investidores de forma significativa. Em agosto de 2024, o total de investidores ativos no programa, ou seja, aqueles que possuem saldo aplicado em títulos públicos, chegou a 2.664.829 pessoas, representando um acréscimo de 4.658 investidores em relação ao mês anterior.
O número de pessoas cadastradas no Tesouro Direto também apresentou crescimento expressivo, com um aumento de 303.560 novos investidores, o que representa um crescimento de 16,2% em comparação a agosto de 2023. Ao todo, o programa já conta com 29.602.068 investidores cadastrados, refletindo a popularização dessa modalidade de investimento entre os brasileiros.
Preferências dos Investidores em Títulos Públicos
Em agosto, a preferência dos investidores foi pelos títulos públicos indexados à inflação, que somaram R$ 4,05 bilhões em vendas, o equivalente a 50,6% do total de transações no mês. Entre esses títulos estão o Tesouro IPCA+, o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, o Tesouro RendA+ e o Tesouro Educa+, opções que garantem ao investidor uma rentabilidade real, acima da inflação, o que torna esses ativos muito atrativos em períodos de alta nos índices inflacionários.
Os títulos indexados à taxa Selic, que são uma opção mais conservadora e de menor volatilidade, representaram 41,7% das vendas, totalizando R$ 3,34 bilhões. Já os títulos prefixados, como o Tesouro Prefixado e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais, somaram R$ 622,2 milhões, o que corresponde a 7,8% do total de vendas em agosto.
Esse comportamento dos investidores demonstra uma busca maior por ativos que oferecem uma rentabilidade atrelada à inflação, especialmente em um contexto de incertezas econômicas e pressão inflacionária no Brasil.
Greve dos Servidores e Impactos no Programa
A greve dos servidores do Tesouro Nacional, que já se arrasta por mais de dois meses, tem trazido desafios operacionais para o funcionamento do Tesouro Direto. A paralisação visa garantir que o reajuste salarial dos servidores seja incluído no orçamento de 2025, mas, até o momento, não houve uma solução definitiva para a demanda da categoria.
Durante esse período de greve, o Tesouro Direto tem enfrentado interrupções esporádicas em suas operações de venda de títulos, como a que ocorrerá no dia 22 de outubro. Para os investidores, isso significa a necessidade de planejamento antecipado para evitar contratempos na aquisição de novos títulos.
A suspensão das vendas de títulos no Tesouro Direto, programada para esta terça-feira, 22 de outubro, é mais um reflexo da greve dos servidores do Tesouro Nacional, que busca garantir melhores condições salariais para a categoria. No entanto, a suspensão não afetará os resgates, que seguirão ocorrendo normalmente.
Em meio a esses desafios, o Tesouro Direto segue batendo recordes de investimento e atraindo cada vez mais brasileiros interessados em garantir uma rentabilidade segura e previsível para o seu dinheiro. Com o aumento constante de investidores e a preferência por títulos atrelados à inflação, o programa continua a se destacar como uma das principais alternativas para quem busca diversificação e segurança em suas aplicações.