A agenda econômica do dia (terça-feira – 26/11) está repleta de indicadores importantes que prometem movimentar mercados domésticos e internacionais. No Brasil, os holofotes se voltam para a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro, considerado a prévia oficial da inflação. Já no cenário externo, a atenção está na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, que poderá fornecer pistas sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.
IPCA-15 de novembro: desaceleração prevista
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará, às 9h, o IPCA-15 de novembro. A mediana das projeções de 28 instituições financeiras indica que o índice deve desacelerar para 0,48%, frente a 0,54% registrado em outubro. Apesar disso, no acumulado de 12 meses, a inflação deve acelerar para 4,62%, maior nível desde dezembro de 2023. As estimativas variam entre 4,38% e 4,79%, destacando o impacto contínuo dos preços de combustíveis e alimentos.
Essa desaceleração mensal reflete um alívio temporário em categorias como transportes e vestuário, mas os desafios de médio prazo, como reajustes em serviços, continuam no radar. A alta anualizada do índice reforça a necessidade de atenção às expectativas inflacionárias, especialmente considerando as recentes revisões para cima nas projeções do mercado.
Indicadores da FGV: inflação e confiança no setor de construção
A Fundação Getulio Vargas (FGV) também participa da agenda com a divulgação de três índices fundamentais:
- IPC-S Capitais da terceira quadrissemana de novembro:
O indicador recuou para 0,15%, após registrar 0,32% na prévia anterior. Com isso, o acumulado em 12 meses chega a 4,28%, refletindo uma desaceleração na inflação de bens de consumo em sete capitais brasileiras. - INCC-M de novembro:
O Índice Nacional de Custo da Construção, que mede variações nos preços do setor, apontou alta de 0,67% em outubro, mantendo o ritmo observado nos últimos meses. No acumulado de 12 meses, o índice alcança 5,72%, acima dos 3,37% registrados no mesmo período de 2023. - Sondagem da Construção de novembro:
O Índice de Confiança da Construção (ICST) permaneceu estável em 97,2 pontos. Esse desempenho sugere que, embora o setor mostre resiliência, desafios como custos de materiais e incertezas macroeconômicas ainda travam avanços significativos.
Cenário internacional: ata do Fed e dados dos EUA
No exterior, as atenções estão voltadas para os Estados Unidos. Às 16h, o Federal Reserve divulga a ata da última reunião do FOMC. Analistas aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária, especialmente após a decisão de manter as taxas de juros estáveis neste mês.
Outros dados relevantes para o mercado americano incluem:
- Permissões de construção e vendas de casas novas de outubro:
O Departamento do Comércio revelará os números finais, sendo esperado um recuo de 3,6% nas vendas, para 730 mil unidades, após uma alta surpreendente de 4,7% no mês anterior. Já as permissões de construção devem confirmar uma retração de 3,1%, sinalizando menor atividade no setor. - Índice de preços de imóveis e confiança do consumidor:
Dados da S&P/Case-Shiller e da FHFA apontam para uma possível desaceleração nos preços imobiliários, enquanto o Conference Board projeta alta no índice de confiança do consumidor, de 108,7 para 111,6.
Outros destaques no Brasil e no mundo
- Leilões de títulos públicos no Brasil e EUA:
O Tesouro Nacional realiza leilões de LFT e NTN-B, com vencimentos até 2060, enquanto os EUA promovem a venda de T-notes de 5 anos, oferecendo oportunidades para investidores monitorarem curvas de juros. - Política e economia no Brasil:
O presidente Lula participa do Encontro Nacional da Indústria da Construção e despacha com ministros ao longo do dia. No Senado, temas sensíveis como o regime disciplinar para policiais e a criação do Cadastro Nacional de Animais Domésticos estarão em votação. - China e lucros industriais:
Às 22h30, o Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgará os lucros industriais de outubro. O consenso é de uma queda de 3,6%, reforçando preocupações sobre a desaceleração econômica no país.
Impactos para o mercado financeiro
A conjugação de dados econômicos robustos e reuniões-chave tende a influenciar diretamente os mercados. No Brasil, o IPCA-15 será decisivo para calibrar expectativas sobre a condução da política monetária pelo Banco Central, enquanto, nos EUA, os investidores observarão a ata do Fed em busca de indicações sobre possíveis cortes nas taxas de juros em 2024.
No curto prazo, a volatilidade pode aumentar em setores ligados a consumo e construção, tanto pela divulgação de índices nacionais quanto pelas permissões e vendas de imóveis nos EUA. Investidores também estarão atentos às discussões fiscais e políticas no Brasil, que podem afetar a confiança do mercado.