As bolsas europeias abriram esta terça-feira (26) em queda, pressionadas pela preocupação com possíveis medidas protecionistas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração recente de Trump sobre a imposição de tarifas sobre importações de carros e produtos químicos vindos do México, Canadá e China gerou apreensão nos mercados financeiros. O índice Stoxx 600, que reúne as principais ações da Europa, recuava 0,56% às 8h (horário de Brasília), sendo puxado por perdas no setor automobilístico e químico.
Impacto das Tarifas nos Setores Automotivo e Químico
As montadoras europeias estão entre as mais afetadas pelas declarações de Trump. Ele anunciou que pretende instituir uma tarifa de 25% sobre produtos vindos do México e do Canadá a partir de sua posse em janeiro de 2025, além de uma tarifa adicional de 10% para produtos chineses. Essa ameaça impactou fortemente ações de grandes empresas do setor:
- Frankfurt: A Daimler Truck registrava queda de 3%, enquanto a Porsche AG recuava 2,26%.
- Paris: A Stellantis, conglomerado formado pela fusão da Fiat Chrysler Automobiles e da PSA Group, computava baixa de 4%.
- Londres: A Rolls Royce também foi afetada, caindo 1%.
O setor químico não ficou de fora. A Bayer, gigante alemã, registrava uma perda significativa de 3,63% em suas ações na manhã de hoje.
Possível Guerra Comercial entre EUA e Europa
A crescente ameaça de tarifas aumentou as preocupações sobre uma possível guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa. Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), alertou para os perigos desse cenário:
“Quando se impõem tarifas, é preciso estar preparado para a retaliação do outro lado”, afirmou De Guindos.
Uma escalada de tarifas prejudicaria não apenas as relações comerciais, mas também poderia enfraquecer o crescimento econômico global. Os setores industriais e de exportação europeus, que dependem fortemente de mercados externos como os EUA, seriam especialmente atingidos.
Performance das Bolsas Europeias
Nas principais praças financeiras europeias, a terça-feira começou com sinais de fraqueza:
- Londres: O índice FTSE 100 recuava 0,39%.
- Lisboa: Baixa de 0,35%.
- Frankfurt: Desvalorização de 0,57%.
- Paris: Queda de 0,67%.
Ações financeiras tentaram ensaiar alguma recuperação. O Unicredit, por exemplo, subia 0,23% em Milão após perdas significativas no início da semana. Isso ocorreu em meio à repercussão da proposta de aquisição do Banco BPM por €10 bilhões, que gerou volatilidade no setor bancário italiano.
Movimento no Mercado Cambial
Enquanto os mercados acionários enfrentavam um cenário de queda, o euro mostrava sinais de recuperação, sendo cotado a US$ 1,050. Já a libra esterlina mantinha-se estável, rondando US$ 1,256. Essa estabilidade relativa nas moedas europeias reflete a cautela dos investidores frente às incertezas políticas e econômicas.
Cenário Global: Como as Decisões de Trump Impactam a Economia
A retórica protecionista de Donald Trump já foi testada anteriormente durante sua gestão presidencial, com efeitos significativos nas cadeias de suprimento globais. Agora, com novas ameaças de tarifas, setores industriais estratégicos podem enfrentar mais dificuldades.
O impacto potencial das tarifas vai além das fronteiras dos EUA. A Europa, como um dos maiores blocos econômicos do mundo, poderá retaliar, gerando uma reação em cadeia. Isso resultaria em:
- Aumento de custos para consumidores.
- Redução da competitividade de exportadores.
- Queda no crescimento industrial global.
O mercado europeu começa a sentir os efeitos das declarações protecionistas de Donald Trump, que podem desencadear uma nova onda de tensões comerciais entre os Estados Unidos, Europa e outros mercados. Para investidores, o momento é de cautela, especialmente em setores como o automobilístico e o químico, que estão na linha de frente das possíveis tarifas.
Com o cenário global cada vez mais volátil, empresas e governos precisarão traçar estratégias para mitigar os efeitos de uma possível guerra comercial. Além disso, o papel das políticas monetárias e fiscais se torna ainda mais crucial para sustentar o crescimento econômico em meio a essa incerteza.