Tarcísio de Freitas enfrenta crise de imagem em meio a violência policial e polêmicas com Bolsonaro
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está no centro de uma crise de imagem que pode impactar sua gestão e seu futuro político. Os recentes episódios de violência policial no estado e sua postura de defesa ao ex-presidente Jair Bolsonaro trouxeram pressões de todos os lados, revelando as dificuldades de equilibrar uma liderança estadual firme com as demandas de um cenário político nacional complexo.
Violência Policial em São Paulo: O Efeito Derrite
Dois casos de violência policial em São Paulo colocaram a gestão de Tarcísio sob os holofotes: um homem jogado de uma ponte por um policial militar e outro executado com 11 tiros por um agente fora de serviço, após furtar produtos de limpeza.
Esses episódios geraram indignação pública e levantaram questionamentos sobre o comando da segurança pública no estado, liderado pelo capitão Guilherme Derrite, secretário escolhido por Tarcísio. Apesar das críticas, o governador manteve seu apoio ao secretário, destacando resultados positivos na gestão:
“Olha os números que você vai ver que [Derrite] está [fazendo um bom trabalho],” disse Tarcísio, defendendo sua decisão de não afastar o comandante.
Embora reconheça a necessidade de intervenções para evitar “erros indefinidos”, Tarcísio optou por não ceder às pressões para substituir Derrite. Essa postura, no entanto, ampliou o desgaste político, vinculando o governador à crise na segurança pública e reforçando a narrativa de insensibilidade diante da violência policial.
A Relação de Tarcísio com Bolsonaro e a Crise no Bolsonarismo
Outro ponto central da crise de imagem do governador é sua relação com Jair Bolsonaro. Mesmo após o ex-presidente ser indiciado por tentativa de golpe e organização criminosa, Tarcísio saiu em sua defesa, afirmando que as acusações são “narrativas que carecem de provas”.
Essa postura fortaleceu o vínculo entre Tarcísio e Bolsonaro, mas também levantou dúvidas sobre sua autonomia política. Com a inelegibilidade de Bolsonaro para 2026, analistas políticos e aliados avaliam que Tarcísio é a alternativa mais viável da direita para disputar a presidência.
Apesar disso, o governador insiste em descartar essa possibilidade:
“Não tenho ambição de sair candidato à presidência em 2026. Quero me reeleger, concluir meu trabalho em SP e, quem sabe, ir para a iniciativa privada em 2030,” afirmou o governador a interlocutores.
Mesmo assim, sua proximidade com Bolsonaro pode gerar desafios futuros. Caso seja o candidato da direita em 2026, Tarcísio terá que lidar com questões sensíveis, como defender uma possível anistia ao ex-presidente ou até responder sobre ações judiciais que possam envolver Bolsonaro até lá.
Uma Liderança Estadual em Xeque
O impacto da crise de imagem de Tarcísio de Freitas não se limita à esfera política nacional. A gestão estadual também sofre abalos, principalmente no quesito segurança pública, que é uma das áreas mais sensíveis para os paulistas.
A manutenção de Derrite no comando da Secretaria de Segurança Pública reflete a estratégia de Tarcísio de evitar recuos e demonstrar confiança na equipe. No entanto, essa decisão também amplia sua responsabilidade sobre os incidentes envolvendo a polícia militar.
Além disso, a postura de Tarcísio diante do bolsonarismo reforça sua ligação com o ex-presidente, mas dificulta a construção de uma imagem independente, capaz de dialogar com um espectro político mais amplo.
O Cenário Político para 2026
Embora Tarcísio de Freitas reitere sua intenção de focar na reeleição em São Paulo, a direita brasileira enfrenta um vácuo de liderança. Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o governador é apontado como uma figura central para unificar o campo conservador.
Essa perspectiva, no entanto, depende de sua habilidade de superar as crises atuais e fortalecer sua base de apoio. Para isso, será necessário mostrar resultados concretos em sua gestão estadual e lidar com os escândalos de violência policial de forma mais contundente.
Tarcísio de Freitas enfrenta um momento crítico em sua trajetória política. Sua gestão em São Paulo está marcada por desafios que vão desde a crise na segurança pública até as repercussões de sua aliança com Bolsonaro.
O futuro político do governador dependerá de sua capacidade de contornar esses obstáculos e, ao mesmo tempo, construir uma narrativa que o posicione como líder eficaz e independente.