Do dólar opera em alta sobre o real nesta quinta-feira (22), enquanto o Ibovespa recua, com o mercado repercutindo o comunicado da véspera do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve a Selic em 13,75% ao ano.
Às 14h34, o dólar subia 0,33%, a R$ 4,7837. O Ibovespa recuava 1,73%, aos 118.336 pontos.
A manutenção da Selic no anúncio desta quarta-feira (21) já era esperada pelo mercado, mas o comunicado ainda manteve um tom considerado duro ao avaliar o processo de desinflação no Brasil, sem indicar intenção de cortar juros em agosto, como aguardava boa parte do mercado financeiro.
“Em resumo, o comunicado é mais um passo na comunicação do BC rumo a uma postura mais ‘dovish’ (branda no combate à inflação, ou seja, propensa a baixa de juros), mas não é uma promessa de corte de juros na próxima reunião”
David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America
Apesar da surpresa pela falta de indicação de um corte em breve, operadores continuavam embutindo cerca de 80% de chance de o BC cortar a Selic em 0,25 ponto percentual em agosto, de acordo com probabilidades implícitas em contratos de juros futuros. Os contratos de opção de Copom também seguem precificando essa queda.
Fatores de risco para o dólar
A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.
Por outro lado, alguns operadores citaram receios de nova escalada nas tensões entre o governo e o Banco Central como um ponto de cautela. De fato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução da política monetária, dizendo em Roma que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “joga contra a economia brasileira”.
Cenário externo
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes tinha leve alta, depois que o chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicou que ainda há mais espaço para a taxa de juros dos Estados Unidos subir. O Fed optou na semana passada pela manutenção de sua taxa básica de forma a avaliar os efeitos do aperto monetário na economia.
Em depoimento a parlamentares, Powell disse que a perspectiva de mais duas altas de 0,25 ponto percentual é “um bom palpite”.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quinta-feira, um dia depois que Powell manteve sua posição agressiva sobre a trajetória dos juros e antes de seu segundo dia de depoimento perante um comitê do Senado norte-americano.
O Dow Jones caía 0,15% na abertura, para 33.900,47 pontos. O S&P 500 abriu em baixa de 0,24%, a 4.355,40 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,44%, para 13.443,41 pontos.
Ásia e Pacífico
O índice Nikkei do Japão caiu nesta quinta-feira, após dois dias de avanços, com os investidores realizando lucros depois de um recente aumento nas ações de semicondutores.
Os mercados de China e Hong Kong permaneceram fechados nesta quinta-feira devido a feriado.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,92%, a 33.264 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,43%, a 2.593 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,04%, a 3.222 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,63%, a 7.195 pontos.
(* com informações da Reuters)