Ibovespa avança com cautela e se aproxima dos 134 mil pontos em meio à estabilidade geopolítica
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, iniciou o pregão desta terça-feira, 5 de agosto de 2025, em leve alta, retomando o fôlego da véspera e acompanhando o otimismo visto nos mercados internacionais. A performance positiva ocorre mesmo com a queda nos preços do petróleo e é impulsionada pela estabilidade política momentânea entre Brasil e Estados Unidos.
Na manhã desta terça, o Ibovespa operava com valorização de 0,62%, atingindo os 133.791,83 pontos, caminhando em direção à resistência técnica dos 134 mil pontos — patamar que funciona como uma barreira psicológica para o mercado. Esse movimento reflete um cenário de trégua momentânea na tensão diplomática e geopolítica, especialmente após o silêncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil, durante entrevista concedida à emissora americana CNBC.
A ausência de menções ao Brasil ocorre em um contexto particularmente delicado: no dia anterior, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar e, nesta quarta-feira (6), começa a vigorar a sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre diversos produtos brasileiros. Apesar da tensão, o mercado vê espaço para manter o otimismo, impulsionado principalmente por fatores macroeconômicos externos.
A influência da política internacional no Ibovespa
O ambiente de negócios no Brasil tem sido fortemente impactado por questões geopolíticas, especialmente no que diz respeito às relações com os Estados Unidos. A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro adicionou um componente de incerteza, mas o fato de Trump não ter se pronunciado publicamente sobre o tema ajudou a acalmar os ânimos no curto prazo.
A imprevisibilidade de Trump, no entanto, continua a ser um fator de risco latente. A qualquer momento, uma nova declaração pode reacender os temores de instabilidade, o que exige cautela por parte dos investidores. Ainda assim, a leitura do mercado neste momento é de que o silêncio temporário do presidente norte-americano é um alívio, permitindo ao Ibovespa manter sua trajetória ascendente.
Queda do dólar e dos juros futuros sustentam o avanço
Outro fator importante para o bom desempenho do Ibovespa nesta terça-feira é a queda do dólar frente ao real e a redução dos juros futuros no mercado local. Essa combinação torna os ativos de renda variável mais atrativos, incentivando o ingresso de investidores tanto nacionais quanto estrangeiros.
A valorização das ações da Petrobras — mesmo com o recuo nos preços internacionais do petróleo — também ajuda a impulsionar o índice, refletindo a confiança do mercado na gestão da estatal e em seus fundamentos econômicos.
Além disso, indícios de entrada de capital estrangeiro reforçam o movimento de alta. O fluxo internacional tem sido um importante catalisador do desempenho da Bolsa brasileira, especialmente em momentos de maior liquidez global.
Perspectivas para o segundo semestre: juros e balanços corporativos no radar
O mercado já começa a precificar com maior intensidade um possível corte nos juros dos Estados Unidos a partir de setembro. Essa expectativa tem favorecido os ativos de risco em economias emergentes como o Brasil, ampliando a atratividade da renda variável.
No cenário interno, investidores também estão atentos à temporada de divulgação de balanços corporativos do segundo trimestre de 2025. A expectativa é de que empresas de setores estratégicos, como commodities, bancos e consumo, apresentem resultados robustos, o que poderia impulsionar ainda mais o Ibovespa nas próximas semanas.
embora não haja notícias novas de grande impacto no radar do dia, o sentimento é de otimismo contido, alimentado por fundamentos sólidos e menor percepção de risco político imediato.
Ações de peso contribuem para o desempenho do índice
Entre os papéis que mais contribuíam para a valorização do Ibovespa nesta manhã estavam as ações da Vale (VALE3), que subiram 0,90% até as 11h04. A mineradora, uma das principais companhias listadas na Bolsa, responde por uma fatia significativa da composição do índice e costuma ser sensível às oscilações nos preços do minério de ferro e à demanda da China.
Além disso, empresas do setor bancário, como Itaú Unibanco, e do varejo, como Magazine Luiza, também apresentavam desempenho positivo, reforçando o caráter amplo da alta observada na B3.
Resiliência do Ibovespa diante das incertezas
Mesmo com a recente turbulência política envolvendo a prisão de Bolsonaro e a tensão com os Estados Unidos, o Ibovespa mostra resiliência. Isso demonstra a maturidade dos investidores ao não reagirem de forma precipitada a eventos pontuais, preferindo aguardar desdobramentos concretos antes de reavaliar suas posições.
A combinação de fundamentos técnicos favoráveis, liquidez externa e expectativas positivas para os balanços corporativos formam a base para o desempenho sólido do índice nos primeiros dias de agosto.
O que esperar nos próximos dias?
Nos próximos dias, os mercados devem continuar atentos ao noticiário político, especialmente a possíveis manifestações de Trump sobre o Brasil e à reação do governo brasileiro à sobretaxa imposta pelos EUA. Também serão monitorados os dados econômicos americanos e brasileiros, como inflação, desemprego e indicadores de atividade industrial e serviços.
O comportamento do Ibovespa dependerá, em grande parte, da manutenção do ambiente de relativa estabilidade e da confirmação das expectativas de cortes nos juros americanos. Caso esses fatores se mantenham, há espaço para que o índice supere de forma sustentada a barreira dos 134 mil pontos e busque novos patamares.
O desempenho do Ibovespa nesta terça-feira reflete um mercado que, apesar das incertezas políticas e geopolíticas, aposta na racionalidade econômica e na atratividade dos ativos brasileiros. A ausência de novas declarações de Trump, somada à queda do dólar e dos juros futuros, cria um ambiente favorável à valorização do índice, mesmo em meio a riscos latentes.
Com a temporada de balanços ganhando tração e o cenário global de juros se desenhando de forma mais branda, o investidor encontra razões para manter posições em renda variável. A expectativa é de que, se confirmados os fundamentos positivos, o Ibovespa possa não apenas consolidar os 134 mil pontos, mas também abrir caminho para novas máximas no segundo semestre de 2025.






