Wall Street Journal acusa Alexandre de Moraes de “golpe de Estado” e politização do STF
O Wall Street Journal acusa Alexandre de Moraes de ter cometido um “golpe de Estado no Brasil” por meio do aumento de seu controle sobre instituições e da condução de investigações contra opositores políticos, especialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
O artigo, publicado no domingo (10) e assinado pela colunista Mary Anastasia O’Grady, afirma que a liberdade nas Américas enfrenta um risco sem precedentes desde a Guerra Fria e coloca Moraes ao lado de líderes que, segundo o jornal, utilizaram o poder judicial para consolidar projetos políticos, como Hugo Chávez e Nayib Bukele.
Início das acusações: inquérito das fake news
Segundo o Wall Street Journal, a atuação de Alexandre de Moraes nesse processo teria começado em 2019, quando o STF instaurou o chamado “inquérito das fake news”. A medida deu ao próprio tribunal o poder de investigar e julgar supostos crimes contra seus ministros, algo que o jornal classifica como uma quebra das regras usuais do sistema de justiça.
A publicação afirma que Moraes foi escolhido “a dedo” pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para conduzir o caso, em vez de ser designado por sorteio, como prevê a praxe. O veículo ainda acusa o ministro de monitorar redes sociais, prender críticos preventivamente e violar princípios como a imparcialidade judicial e a liberdade de expressão.
Controle sobre eleições e redes sociais
O Wall Street Journal acusa Alexandre de Moraes também de ter “politizado” o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha presidencial de 2022. A crítica central é que Moraes teria monitorado e censurado conteúdos publicados por partidos, candidatos e eleitores.
Outro ponto mencionado é o “inquérito da milícia digital”, instaurado em 2021, que obrigou plataformas de tecnologia a removerem conteúdos e cortarem a monetização de contas críticas ao Supremo, sob pena de não poderem operar no Brasil. Para o jornal, essa ação representa um controle excessivo sobre a comunicação online.
Interpretação dos atos de 8 de janeiro de 2023
O jornal descreve os eventos de 8 de janeiro como “protestos pacíficos em frente a quartéis” que, segundo a publicação, terminaram com a invasão de prédios públicos por “marginais sem armas”.
O STF, sob a atuação de Moraes, tratou o episódio como uma tentativa de golpe, instaurando três novos inquéritos. O Wall Street Journal afirma que cerca de 1.500 pessoas foram presas, algumas por até um ano sem julgamento, e que as penas aplicadas foram “indevidamente severas” para o que o veículo considera crimes menores.
Reação internacional e cenário político interno
O texto argumenta que “não importa a opinião sobre Bolsonaro, a política tomou conta da Corte”. O Wall Street Journal acusa Alexandre de Moraes de ter ultrapassado os limites do cargo e destaca que parte da direita no Senado brasileiro tenta articular votos para um eventual processo de impeachment do ministro.
O artigo também menciona que “as elites começam a reclamar de juízes embriagados de poder” e aponta para a recente decisão do Tesouro dos Estados Unidos de impor sanções a Moraes. Segundo o jornal, essa medida teria chamado a atenção de outros ministros do STF e poderia abrir caminho para o que chama de “restauração do Estado de Direito” no Brasil.
Implicações das acusações
As declarações do Wall Street Journal geram impactos tanto no cenário político brasileiro quanto na percepção internacional sobre a atuação do STF. As críticas do veículo americano se somam a uma crescente tensão entre setores do Judiciário, Legislativo e segmentos da sociedade civil.
A acusação de “golpe de Estado” é grave e pode servir de combustível para grupos políticos que buscam pressionar pela saída de Alexandre de Moraes ou por reformas no sistema judiciário. Ao mesmo tempo, defensores do ministro podem argumentar que as ações foram necessárias para proteger a democracia e conter ameaças institucionais.
Alexandre de Moraes e sua trajetória recente
Desde que assumiu funções estratégicas no STF e no TSE, Alexandre de Moraes tem sido figura central em investigações sobre disseminação de notícias falsas, ataques a instituições e supostas tentativas de golpe. Sua atuação é marcada por decisões polêmicas, que dividem a opinião pública.
Enquanto críticos, como o Wall Street Journal, o acusam de abusar de poder e perseguir adversários políticos, apoiadores o veem como peça-chave na defesa da estabilidade institucional e no combate à desinformação
O fato de o Wall Street Journal acusar Alexandre de Moraes de “golpe de Estado” e de politização do STF coloca a atuação do ministro sob escrutínio internacional, elevando o debate sobre limites de poder, separação entre os poderes e liberdade de expressão no Brasil.
Independentemente da posição adotada, o episódio reforça a necessidade de discussão ampla sobre a atuação do Judiciário e sua relação com os demais poderes, especialmente em momentos de alta polarização política.






