Lindbergh Farias cobra punição imediata a deputados da oposição e aciona PGR
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, elevou o tom contra a conduta de parlamentares da oposição que ocuparam a Mesa Diretora da Casa na semana passada. Na segunda-feira (11/8), o deputado anunciou que protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando abertura de inquérito para investigar o episódio, que ele classificou como grave atentado contra a ordem democrática.
Para Lindbergh Farias, a Câmara não pode transformar a semana em um período de “impunidade” diante do que chamou de “continuidade do golpe de Estado” e “o 8 de janeiro dos engravatados”. O ato de ocupação teria provocado paralisação das atividades legislativas e, segundo ele, simbolizado ataques às instituições do Estado Democrático de Direito.
Ação na PGR e fundamentos jurídicos
A representação encaminhada por Lindbergh Farias à PGR solicita investigação com base no artigo 359-L do Código Penal, que tipifica o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A tipificação prevê punições para ações que busquem impedir ou restringir o funcionamento dos poderes constitucionais, algo que, segundo o líder petista, ficou evidente no episódio envolvendo os deputados oposicionistas.
O deputado enfatiza que sua iniciativa não busca substituir a responsabilização interna no âmbito da Câmara dos Deputados, mas sim ampliar o alcance da apuração. A intenção é que os órgãos competentes examinem a gravidade do ato, que interrompeu atividades e feriu o funcionamento regular do Parlamento.
Críticas à postura da Mesa Diretora
A condução do caso pela Mesa Diretora também foi alvo de críticas de Lindbergh Farias. Na última sexta-feira (8), a presidência da Casa decidiu encaminhar 14 nomes à Corregedoria da Câmara para análise. Para o líder do PT, esse procedimento pode resultar em demora excessiva e até na ausência de punições efetivas, transmitindo à sociedade a impressão de que não haverá consequências.
Na avaliação do parlamentar, a Mesa Diretora deveria convocar uma nova reunião para deliberar pela suspensão imediata dos envolvidos, utilizando como exemplo medidas adotadas anteriormente contra outros deputados, como André Janones (Avante-MG) e Gilvan Máximo (Republicanos-DF).
Cobrança por afastamento de parlamentares específicos
Entre as cobranças feitas por Lindbergh Farias está o afastamento imediato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). O parlamentar argumenta que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a congressista já transitou em julgado e que sua permanência no cargo é incompatível com o cumprimento de restrições impostas.
O líder petista também destacou o caso do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, segundo ele, atua fora do país enquanto mantém seu mandato em exercício. Na visão de Lindbergh, essas situações revelam incoerências que fragilizam a credibilidade do Legislativo.
Articulação no colégio de líderes
Lindbergh Farias afirmou que pretende articular com outros líderes partidários para impedir que a pauta da semana beneficie parlamentares envolvidos no ato de ocupação da Mesa Diretora. Ele defende que, após o episódio, a Câmara deve priorizar temas de relevância nacional, como:
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A votação da ampliação da isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil;
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A implementação de tributação mais justa sobre os mais ricos;
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A urgência na tramitação de projetos que aumentem penas para crimes digitais contra crianças e adolescentes.
Para o parlamentar, essa seria uma forma de devolver ao povo brasileiro a confiança de que o Legislativo está comprometido com sua função constitucional.
Comparação com o 8 de janeiro
A referência de Lindbergh Farias ao “8 de janeiro dos engravatados” não foi apenas retórica. Para ele, a invasão e ocupação da Mesa Diretora têm semelhanças com a tentativa de golpe ocorrida em 2023, quando extremistas atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. No caso recente, a ação partiu de parlamentares, o que ele considera ainda mais grave por se tratar de autoridades eleitas.
Segundo Lindbergh, episódios como esse atentam contra a democracia e não podem ser tratados com complacência, sob risco de enfraquecer a credibilidade do próprio Parlamento.
Defesa da Constituição e exemplo do STF
O líder do PT afirmou que o Congresso Nacional deve seguir o exemplo do Supremo Tribunal Federal (STF) na defesa intransigente da Constituição. Ele argumenta que, diante de ataques às instituições, é dever do Legislativo agir com firmeza para preservar a lei e o Estado Democrático de Direito.
Lindbergh Farias reforça que não se trata de uma questão partidária, mas de respeito às regras do jogo democrático. “A defesa da Constituição é responsabilidade de todos os poderes e não admite flexibilizações”, argumenta.
Impacto político e possíveis desdobramentos
A postura de Lindbergh Farias diante do episódio deve gerar repercussões no ambiente político. Por um lado, sua firmeza pode mobilizar a base governista e pressionar para uma resposta mais rápida da Mesa Diretora. Por outro, a oposição tende a acusar o líder petista de tentar politizar o caso e de agir com rigor excessivo contra adversários.
A ação protocolada na PGR também poderá abrir um novo capítulo de embates jurídicos envolvendo parlamentares. Caso o Ministério Público Federal decida instaurar um inquérito, os deputados investigados poderão enfrentar acusações criminais que, se aceitas pelo Judiciário, podem levar a punições severas.
O papel da PGR nesse tipo de caso
Quando acionada, a Procuradoria-Geral da República tem a função de analisar se há elementos suficientes para iniciar uma investigação. No caso da representação feita por Lindbergh Farias, o órgão deverá avaliar se o episódio configura crime previsto no artigo 359-L do Código Penal e se há indícios concretos para abertura de inquérito.
Se a PGR decidir seguir com o processo, poderá solicitar diligências, ouvir testemunhas e requisitar documentos que comprovem a participação de cada parlamentar no ato. Ao final, o procurador-geral poderá arquivar o caso ou apresentar denúncia ao Supremo Tribunal Federal, já que deputados federais possuem foro por prerrogativa de função.
A imagem do Legislativo em jogo
O episódio expõe um dos maiores desafios atuais da Câmara dos Deputados: manter a credibilidade perante a sociedade. Para Lindbergh Farias, a demora em punir condutas incompatíveis com o cargo de parlamentar transmite à população a ideia de que há um sistema de autoproteção entre deputados.
A crise também abre espaço para o debate sobre a necessidade de mudanças no regimento interno da Casa, com mecanismos que permitam respostas mais rápidas e eficazes em casos de quebra de decoro ou atentado contra o funcionamento do Legislativo.
O posicionamento firme de Lindbergh Farias contra a ocupação da Mesa Diretora da Câmara evidencia uma disputa política que extrapola as fronteiras partidárias e toca no cerne da defesa da democracia. Ao acionar a PGR, o líder do PT busca reforçar que atos que paralisam o funcionamento das instituições e ameaçam o Estado Democrático de Direito não podem passar impunes.
As próximas semanas serão decisivas para saber se a Câmara responderá à altura das cobranças do parlamentar ou se o caso seguirá para um prolongado debate interno, com risco de desgaste para a imagem do Legislativo.






