Ramagem defende anistia ampla, geral e irrestrita após condenação pelo STF
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 16 anos e um mês de prisão por envolvimento em tentativa de golpe, voltou ao centro do debate político ao defender a aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita no Congresso Nacional.
A fala de Ramagem reforça a tensão em torno da proposta de anistia que começa a tramitar de forma acelerada na Câmara dos Deputados e que poderá ser votada ainda nesta semana. Para ele, qualquer versão diferente da defendida por seus aliados representaria apenas a legitimação do que considera “perseguição política”.
Câmara acelera tramitação da anistia
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que pretende pautar a urgência do projeto de anistia, abrindo caminho para que o mérito da proposta seja discutido e votado nos próximos dias. A expectativa é que o tema seja colocado em votação em caráter emergencial, com forte pressão de parlamentares da oposição.
O texto final da proposta ainda não foi divulgado, o que aumenta a ansiedade entre os deputados que exigem garantias de que a anistia abarque todos os envolvidos em processos relacionados aos atos golpistas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Senado pode apresentar proposta alternativa
Apesar da articulação acelerada na Câmara, o Senado Federal também discute a possibilidade de apresentar uma versão própria do projeto de anistia. Essa movimentação preocupa parlamentares bolsonaristas, que temem que a proposta dos senadores seja menos abrangente e não contemple todos os investigados e condenados pelo STF.
Para Ramagem, uma anistia parcial ou restrita representaria uma “anistia fake”, servindo apenas para amenizar a pressão política sem resolver o impasse de forma definitiva.
Apoio do bolsonarismo e menção a Bolsonaro
A defesa de uma anistia ampla, geral e irrestrita tem forte apoio dentro do campo bolsonarista no Congresso. Deputados e senadores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro reforçaram, nas redes sociais, que não aceitarão uma proposta limitada.
Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador e filho do ex-presidente, destacou que só uma anistia completa atenderia às demandas do movimento. Para aliados, qualquer versão que não contemple Bolsonaro e os demais condenados por atos relacionados ao 8 de janeiro seria considerada insuficiente.
Ramagem e o peso simbólico da condenação
Condenado a mais de 16 anos de prisão, Alexandre Ramagem se tornou um dos principais símbolos do embate entre o STF e o bolsonarismo. Ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ele mantém influência entre deputados da oposição e usa sua condição de condenado para reforçar a narrativa de perseguição política.
Seu discurso em defesa da anistia se alinha à estratégia de pressionar o Congresso a aprovar um texto que não imponha restrições, abrindo caminho para reverter condenações já aplicadas.
O impacto da Lei Magnitsky
Nas críticas feitas, Ramagem citou também o risco de recrudescimento da chamada Lei Magnitsky, norma internacional que prevê sanções contra violações de direitos humanos e que tem sido usada em debates sobre responsabilização de agentes públicos e políticos.
Para ele, acelerar a anistia seria uma forma de neutralizar possíveis aplicações mais duras da legislação em território brasileiro, preservando figuras ligadas ao bolsonarismo.
Oposição reage à proposta
Parlamentares da base governista e opositores da anistia avaliam que o movimento é uma tentativa de blindar o bolsonarismo das consequências legais dos atos golpistas. Para esses grupos, a aprovação de uma anistia ampla poderia enfraquecer a autoridade do STF e abrir precedente perigoso para a impunidade em crimes contra a democracia.
Críticos também apontam que a iniciativa pode aprofundar a polarização política no país, reacendendo o debate sobre a responsabilidade de Bolsonaro e de seus aliados nos eventos que culminaram em ataques às instituições.
Anistia e o futuro da política brasileira
O debate em torno da anistia ampla, geral e irrestrita ultrapassa o campo jurídico e ganha contornos de disputa política sobre o futuro da direita no Brasil. A decisão que o Congresso tomará poderá redefinir o rumo da oposição bolsonarista e influenciar as eleições futuras.
Enquanto apoiadores acreditam que a anistia é necessária para pacificar o país, críticos defendem que o caminho para a estabilidade democrática passa pelo cumprimento das condenações impostas pela Justiça.
O que esperar das próximas sessões
Com a promessa de votação da urgência ainda nesta semana, a expectativa é que a Câmara acelere os trâmites e pressione o Senado a se alinhar. Caso haja divergência entre as Casas, o debate pode se arrastar, mas a pressão política em torno do tema tende a crescer.
Independentemente do desfecho, a fala de Ramagem amplia o peso político da discussão e coloca ainda mais holofotes sobre a movimentação de deputados e senadores em torno da anistia.






