A indústria brasileira sofreu, entre 2012 e 2021, uma queda de 8,6% na força de trabalho, o que significou uma redução de 758,6 mil vagas. Os dados constam da Pesquisa Industrial Anual Empresa e Produto (PIA Empresa e Produto) 2021, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados mostram ainda que essa redução foi concentrada na indústria de transformação, que perdeu 749,3 mil vagas no período, enquanto a indústria extrativa perdeu 9,3 mil empregos.
O IBGE ressalta ainda que mais da metade da redução de vagas ficou concentrada em três atividades. A confecção de artigos de vestuário e acessórios perdeu 193,2 mil postos, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias teve redução de 110,8 mil vagas e a fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, perdeu 110,2 mil postos.
Em 2021, a indústria ocupava 8,1 milhões de pessoas e pagou R$ 352,1 bilhões em salários. Apesar da perda de vagas, as Indústrias de Transformação detinham, naquele ano, 97,4% dos postos de trabalho do setor.
No período mais curto, no entanto, o IBGE mostrou que houve recuperação do emprego. Entre 2020 — ano em que houve o auge das restrições de mobilidade e os principais efeitos da retração econômica devido à pandemia — e 2021 foram 407,7 mil novos postos de trabalho, o equivalente a um crescimento de 5,3%.
Em termos de remuneração, o salário médio mensal na indústria caiu de 3,4 salários mínimos para 3,1 salários mínimos. Em todo o período, o salário médio das indústrias extrativas se manteve acima do valor pago pela indústria de transformação.
O auge dessa diferença aconteceu em 2013, quando o setor extrativo pagou, em média, 6,3 salários mínimos, enquanto a transformação pagou 3,3 salários mínimos. Em 2021, foram 5,1 salários mínimos de média para a extrativa e 3,0 para a indústria de transformação.
Na média, em termos gerais, a remuneração caiu, entre 2012 e 2021, em 25 das 29 atividades pesquisadas.
Entre os segmentos industriais, o IBGE destacou a extração de petróleo e gás natural, com 20,1 salários mínimos de média em 2021; as atividades de apoio à extração de minerais, com 9,6 salários mínimos; e a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com 6,8 salários mínimos de média em 2021.
A pesquisa mostrou ainda que o porte médio das empresas nos dez anos entre 2012 e 2021 passou de 27 pessoas para 25 pessoas. Atividades que demandam grande número de funcionários lideraram o ranking de segmentos com maior número médio de empregados.
Neste sentido, a fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis teve média de 511 funcionários em 2021, enquanto a extração de minerais metálicos apareceu com média de 309 postos de trabalho e a fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos teve média de 221 empregados.
A PIA Empresa e Produto revelou ainda que a concentração industrial nas oito maiores empresas passou de 22,5% para 27,3%. A concentração significa o quanto as oito maiores indústrias representaram do VTI total. O VTI é uma aproximação do valor adicionado da indústria que considera o Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) e subtrai os Custos das Operações Industriais (COI).
Em termos regionais, a pesquisa mostrou a continuidade da concentração do valor da produção industrial no país, apesar ao aumento da participação do Norte e do Centro-Oeste entre 2012 e 2021. A Região Sudeste respondeu por 58,9% do VTI da produção em 2021, contra 60,4% em 2012. No mesmo período a Região Sul passou de 18,8% do VTI em 2012 para 18% em 2021. Também houve queda no VTI das indústrias do Nordeste, que passou de 9,5% para 9% do total nacional entre 2012 e 2021. No Centro-Oeste houve alta de 5,2% para 6%, enquanto no Norte o avanço foi amis expressivo, de 6,2% para 8,1%.