Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) revelou os vínculos do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, com grilagem de terras e ação de milícias. O desdobramento dessas descobertas aponta para uma possível motivação por trás do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Durante uma coletiva de imprensa conduzida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, foram apresentados trechos do extenso relatório da PF, totalizando mais de 470 páginas. Segundo Lewandowski, a divergência entre Marielle Franco e o grupo político de Chiquinho Brazão, irmão de Domingos Brazão, em torno do Projeto de Lei (PL) 174/2016, desencadeou uma reação descontrolada por parte do grupo político de Chiquinho Brazão após uma votação apertada do PL na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Esse confronto político, que ocorreu no segundo semestre de 2017, teria sido o ponto de partida para o planejamento do assassinato de Marielle Franco. Lewandowski destacou que Marielle se opunha ao grupo político que buscava regularizar terras para uso comercial, enquanto defendia a destinação dessas terras para fins sociais, como moradia popular.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, enfatizou que a investigação revelou uma série de situações envolvendo a vereadora Marielle Franco, que culminaram na disputa entre grupos políticos e questões ligadas a milícias e grilagem de terras.
O relatório final da investigação apontou que Domingos e Chiquinho Brazão contrataram o ex-policial militar Ronnie Lessa para executar Marielle Franco e Anderson Gomes, em 2018. Como resultado, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação revelou também a participação de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, no planejamento meticuloso do crime. Rivaldo foi apontado como responsável por desviar o foco da investigação dos verdadeiros mandantes do crime.
Segundo o ministro da Justiça, esse caso é indicativo do modus operandi da milícia e do crime organizado no Rio de Janeiro, destacando a importância de desvendar outros casos e seguir o rastro das organizações criminosas na região.
Essas revelações lançam luz sobre os bastidores sombrios que envolvem a política e o crime no Rio de Janeiro, evidenciando a necessidade de medidas mais enérgicas para combater a corrupção e a violência associadas às milícias e à grilagem de terras.