A partir de 1º de outubro de 2024, os consumidores de energia elétrica no Brasil vão sentir um aumento significativo nas suas contas devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Esse é o maior nível de cobrança adicional aplicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde abril de 2022, quando a bandeira de “escassez hídrica” estava em vigor. A mudança reflete a situação crítica do setor energético e pressiona diretamente o bolso dos brasileiros, que precisam se preparar para um acréscimo significativo nas tarifas de energia elétrica.
Por que a conta de luz vai aumentar?
De acordo com o anúncio feito pela Aneel na sexta-feira, 27 de setembro de 2024, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 será aplicada ao consumo de energia ao longo do mês de outubro. Isso significa que para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, os consumidores terão um acréscimo de R$ 7,877 em suas contas de luz. Esse aumento é substancial em relação à bandeira vermelha patamar 1, que estava em vigor em setembro e adicionava R$ 4,46 por 100 kWh.
O principal motivo para o acionamento dessa bandeira é o risco hidrológico, ou seja, a previsão de baixa afluência (chuvas) nos reservatórios das hidrelétricas, que são responsáveis por grande parte da geração de energia elétrica no Brasil. Além disso, o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que é o valor calculado para a energia elétrica produzida em determinado período, também influenciou a decisão da Aneel.
Contexto energético: por que a bandeira tarifária subiu?
O sistema de bandeiras tarifárias foi implementado em 2015 como uma forma de repassar aos consumidores o custo adicional da geração de energia elétrica em momentos de escassez de recursos hídricos ou aumento dos custos de produção. As bandeiras variam entre verde, amarela, vermelha patamar 1 e vermelha patamar 2, sendo esta última a mais cara.
Desde abril de 2022, o Brasil havia mantido uma sequência de bandeiras verdes, que indicam ausência de cobranças extras na conta de luz. No entanto, a partir de julho de 2024, essa sequência foi quebrada com o acionamento da bandeira amarela, seguido da bandeira vermelha patamar 1 em setembro. Agora, em outubro, o patamar 2 da bandeira vermelha é acionado, elevando ainda mais os custos para os consumidores.
As previsões de baixa pluviosidade e a elevação do preço da energia no mercado livre (PLD) foram fatores determinantes para esse aumento. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o PLD para o mês de outubro deve superar R$ 500 por megawatt-hora (MWh), o que reflete diretamente nos custos que são repassados aos consumidores.
Impacto na inflação
O aumento na conta de luz causado pela bandeira vermelha patamar 2 também afeta diretamente a inflação no país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, será impactado pela alta na tarifa de energia elétrica. Analistas do mercado financeiro já projetam um aumento inflacionário devido à nova bandeira.
De acordo com a CM Capital, o impacto do acionamento da bandeira vermelha patamar 2 será de 0,45 ponto porcentual no IPCA. Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, estima que o impacto seja de 0,21 ponto porcentual, enquanto Daniel Xavier, economista do Banco ABC Brasil, projeta um aumento de 0,18 ponto porcentual no índice de preços ao consumidor. Essas previsões demonstram que, além de pesar no bolso dos brasileiros, a alta na conta de luz também terá um efeito cascata na economia como um todo, aumentando os preços de outros bens e serviços.
Dicas para economizar na conta de energia
Com o aumento das tarifas, economizar energia elétrica se torna uma necessidade para muitos brasileiros. Além das medidas tradicionais, como evitar o uso excessivo de aparelhos eletrônicos, há algumas práticas que podem ajudar a reduzir o consumo de energia e, consequentemente, o valor da conta.
- Chuveiro elétrico: Este é o maior vilão das contas de energia. Usar o chuveiro na posição “verão” e reduzir o tempo de banho pode gerar uma economia significativa.
- Lâmpadas de LED: Trocar as lâmpadas incandescentes e fluorescentes por modelos de LED pode reduzir o consumo de energia com iluminação, uma vez que essas lâmpadas são até 80% mais eficientes.
- Aparelhos eletrônicos: Desligar aparelhos como televisores e computadores quando não estiverem em uso evita o consumo em stand-by, que pode representar até 12% do consumo total de uma residência.
- Geladeira: A geladeira deve ser aberta o mínimo possível e manter a vedação em boas condições. Isso evita que o motor trabalhe em excesso, aumentando o consumo.
- Ferro de passar: Acumular roupas para passar de uma só vez e usar o ferro na temperatura correta pode gerar uma economia considerável, uma vez que o ferro pode representar até 7% do consumo total de uma casa.
- Ar-condicionado: Ajustar o ar-condicionado para 23°C e garantir que portas e janelas estejam bem fechadas são práticas que evitam o desperdício de energia. Outra dica é realizar a manutenção regular dos aparelhos para garantir sua eficiência.
Conclusão
O aumento da tarifa de energia elétrica com a bandeira vermelha patamar 2 em vigor neste mês de outubro reforça a necessidade de um consumo mais consciente por parte dos brasileiros. Além de adotar medidas para economizar energia, é fundamental acompanhar as mudanças nas bandeiras tarifárias e entender como elas impactam tanto o orçamento doméstico quanto a economia do país. O cenário energético brasileiro é desafiador, e o consumidor precisa estar preparado para lidar com os aumentos nas tarifas de luz, buscando sempre alternativas para reduzir o consumo e, consequentemente, os custos.