Bolsas da Europa Avançam Apesar de Instabilidade Política na França e Sinais Econômicos Mistos na Zona do Euro
As bolsas de valores europeias registraram alta nesta quinta-feira, 5 de dezembro de 2024, mesmo diante da turbulência política causada pelo colapso do governo francês. O índice Stoxx 600 subiu 0,22%, marcando 518,61 pontos, enquanto os mercados já precificaram a queda do primeiro-ministro Michel Barnier após uma votação de desconfiança no parlamento francês.
O contexto político europeu e as novas falas de lideranças econômicas globais, como Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), e Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), influenciam diretamente o humor do mercado. Lagarde enfatizou que a luta contra a inflação ainda está em andamento, enquanto Powell adotou um tom cauteloso sobre os cortes de juros nos Estados Unidos.
O impacto político na França
O governo de Michel Barnier sofreu um colapso após perder uma votação crucial de desconfiança no parlamento. Segundo o Rabobank, banco que analisa cenários econômicos globais, o mercado já havia absorvido os impactos da instabilidade política francesa. A expectativa é de que um governo interino seja instalado até que novas eleições sejam convocadas.
Entretanto, as perspectivas econômicas para a França continuam desafiadoras. O Rabobank destacou que, mesmo com a reorganização política, não são esperadas melhorias significativas nas finanças públicas ou no crescimento econômico estrutural do país no curto prazo.
Apesar desse cenário, o índice CAC 40 de Paris registrou um avanço de 0,21%, atingindo 7.318,41 pontos, indicando que os investidores mantêm um certo otimismo, possivelmente devido ao alinhamento prévio das expectativas de mercado.
Desempenho das principais bolsas europeias
Além do avanço do CAC 40, outras bolsas da Europa apresentaram resultados positivos ou estáveis:
- Stoxx 600: Alta de 0,22%, alcançando 518,61 pontos.
- DAX (Frankfurt): Subiu 0,29%, marcando 20.291,90 pontos.
- FTSE 100 (Londres): Uma leve queda de 0,06%, fechando em 8.331,12 pontos.
Esses movimentos refletem o equilíbrio entre os desafios políticos locais e os indicadores econômicos regionais.
A luta contra a inflação na Zona do Euro
A presidente do BCE, Christine Lagarde, reiterou que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida. Com a inflação persistindo em níveis altos, o BCE tem mantido uma política monetária rígida, mas sem descartar ajustes futuros.
Os dados econômicos divulgados recentemente reforçam a complexidade da recuperação econômica na região:
- Pedidos industriais na Alemanha: Apresentaram queda em outubro, sinalizando dificuldades na principal economia da Europa.
- Produção industrial na França e na Espanha: Os números foram mistos, indicando uma recuperação desigual nos dois países.
- Vendas no varejo da Zona do Euro: Registraram retração, evidenciando os desafios enfrentados pelo consumidor europeu em meio à alta inflação e taxas de juros elevadas.
Esses indicadores refletem um cenário econômico fragmentado, com os países da Zona do Euro enfrentando desafios distintos na recuperação pós-pandemia.
Discurso de Powell e impacto global
Nos Estados Unidos, o discurso de Jerome Powell não trouxe grandes novidades sobre a política monetária. Questionado sobre a possibilidade de cortes na taxa de juros, Powell afirmou que o Fed “pode se dar ao luxo de ser mais cauteloso”. A declaração reforça a posição do banco central americano de manter uma abordagem moderada, evitando movimentos bruscos na condução da política monetária.
Essa postura do Fed teve impacto limitado nos mercados europeus, que seguem mais atentos às decisões do BCE e às dinâmicas políticas e econômicas internas da Europa.
Perspectivas para o mercado europeu
Com a queda do governo francês já precificada, os investidores devem voltar suas atenções para os próximos passos do BCE e os indicadores econômicos regionais. O mercado também estará atento ao andamento de reformas estruturais na França e na Alemanha, bem como à evolução da inflação na Zona do Euro.
A recuperação econômica europeia permanece frágil, especialmente diante da combinação de desafios internos e externos, como desaceleração global, tensões geopolíticas e mudanças climáticas. No entanto, o avanço das bolsas demonstra a resiliência dos investidores, que buscam oportunidades mesmo em meio à incerteza.