Nesta terça-feira, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou os resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), revelando uma redução significativa no endividamento e na inadimplência no país.
De acordo com a pesquisa, a porcentagem de endividados situou-se em 76,9% em outubro deste ano, marcando o índice mais baixo desde fevereiro de 2022. Esse número é inferior ao registrado em setembro (77,4%) e ao índice de outubro do ano anterior (79,2%).
Quanto à inadimplência, o percentual de pessoas que reportaram ter dívidas em atraso foi de 29,7%, abaixo do índice de setembro (30,2%) e também do mesmo período do ano passado (30,3%).
No entanto, a parcela de inadimplentes sem condição de pagar suas dívidas atingiu 13%, mantendo-se estável em comparação com setembro, mas superando o índice de outubro do ano passado (10,6%). A CNC interpretou esse dado como um reflexo das reduções das taxas de juros e das renegociações de dívidas, indicando que essas ações começam a surtir efeito.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, atribuiu esses resultados a um contexto macroeconômico mais favorável. Ele destacou que o controle da inflação e um mercado de trabalho favorável têm contribuído para melhorar a renda das famílias brasileiras, resultando em menos consumidores buscando crédito.
No entanto, Tadros alertou que a eficaz gestão das dívidas e a redução da inadimplência continuam sendo desafios cruciais a serem enfrentados.
A economista da CNC, Izis Ferreira, responsável pelo indicador, concordou com a análise de Tadros. Ela destacou que as condições de consumo estão mais favoráveis, graças à redução da inflação, ao mercado de trabalho formal absorvendo trabalhadores e à diminuição das taxas de juros. Ferreira enfatizou o papel das políticas de transferência de renda, como a ampliação do Bolsa Família e os saques alternativos do FGTS, que têm contribuído para o aumento da renda disponível e para a redução do número de consumidores endividados.
No entanto, a pesquisa revelou um aumento na parcela de endividados inadimplentes nas famílias com renda média entre 5 e 10 salários mínimos, destacando um desafio contínuo na gestão financeira desse grupo.
Por fim, a CNC alertou que quase metade dos consumidores com dívidas atrasadas ainda possui débitos em atraso por mais de 90 dias, um número que continua a crescer e requer atenção, segundo a entidade.
Esses dados demonstram uma melhoria geral no cenário do endividamento e inadimplência no país, porém, ainda são necessárias ações contínuas para enfrentar os desafios e manter a estabilidade financeira das famílias brasileiras.