Os mercados asiáticos começaram a semana com resultados variados, refletindo a combinação de fatores econômicos e políticos que influenciaram as principais bolsas da região. Enquanto a China manteve o otimismo impulsionado por novos pacotes de estímulo econômico, o Japão viu uma forte queda em sua bolsa, refletindo preocupações com a política interna. As movimentações contrastantes nas bolsas asiáticas são um indicativo das diferentes condições econômicas e políticas que afetam esses mercados.
China: Rali histórico impulsionado por novos estímulos
O destaque do dia ficou por conta da bolsa de valores chinesa, que viu um salto impressionante. O índice Shanghai Composto avançou 8,06%, marcando seu maior ganho diário em 16 anos, fechando a 3.336,50 pontos. O índice Shenzhen Composto, menos abrangente, teve um crescimento ainda mais acentuado, de 10,93%, fechando em 1.927,48 pontos.
Esse movimento positivo vem em resposta a uma série de medidas anunciadas pelo Banco Central da China (PBoC), que incluem incentivos voltados para o setor imobiliário, duramente atingido nos últimos anos. Essas medidas fazem parte de um pacote mais amplo de estímulos que também inclui cortes de juros e reduções nos compulsórios bancários, com o objetivo de dar fôlego à economia chinesa, especialmente em setores como o de construção civil e infraestrutura. Além disso, as bolsas chinesas reagiram de forma positiva à proximidade de um feriado que fechará os mercados locais por uma semana, incentivando os investidores a aproveitarem as oportunidades antes da pausa.
Além dos estímulos, os mercados chineses também acompanharam de perto os dados de atividade manufatureira do país. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial subiu para 49,8 em setembro, superando as expectativas do mercado, o que gerou um certo otimismo. No entanto, o índice equivalente da S&P Global/Caixin, que mede a atividade industrial, recuou para 49,3, sugerindo que o setor ainda enfrenta desafios consideráveis. Leituras abaixo de 50, como essas, indicam contração na atividade manufatureira.
Japão: Forte queda no Nikkei diante de incertezas políticas
Enquanto a China se beneficiava de seus pacotes de estímulos, o Japão enfrentou um cenário oposto. O índice Nikkei tombou 4,8%, fechando a 37.919,55 pontos. A forte queda foi desencadeada pela expectativa de que Shigeru Ishiba assuma como novo primeiro-ministro do Japão. Investidores temem que Ishiba, conhecido por suas políticas mais intervencionistas, adote medidas consideradas desfavoráveis ao mercado financeiro, como possíveis aumentos de impostos ou controles mais rígidos sobre a economia.
A política japonesa desempenha um papel crucial na confiança dos investidores, e a incerteza sobre os planos econômicos de Ishiba gerou uma onda de vendas no mercado. Especula-se que ele possa priorizar o aumento de tributos como forma de conter o déficit fiscal, o que, para muitos analistas, pode desacelerar o crescimento econômico e afetar diretamente as empresas listadas na bolsa.
Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan: Oscilações distintas no mercado asiático
Além da China e do Japão, outras bolsas asiáticas também apresentaram resultados mistos. O índice Hang Seng em Hong Kong subiu 2,43%, fechando a 21.133,68 pontos, impulsionado pelo otimismo em relação às medidas econômicas da China, já que muitos investidores de Hong Kong veem oportunidades de ganhos nos estímulos implementados pelo governo chinês.
Em Seul, na Coreia do Sul, o índice Kospi caiu 2,13%, encerrando o dia a 2.593,27 pontos. A queda reflete as preocupações com a desaceleração da economia global e os possíveis impactos negativos no setor tecnológico, um dos mais importantes para a economia sul-coreana.
Taiwan, por sua vez, também viu uma queda em sua principal bolsa, com o índice Taiex recuando 2,62%, fechando a 22.224,54 pontos. O desempenho fraco foi influenciado por fatores externos, como a desaceleração na demanda por semicondutores, setor crucial para a economia taiwanesa, e a pressão sobre exportações devido à incerteza global.
Austrália: Máxima histórica impulsionada por commodities
Diferente da maioria dos mercados asiáticos, a Austrália teve um dia positivo. O índice S&P/ASX 200 em Sydney avançou 0,70%, atingindo uma máxima histórica de 8.269,80 pontos. Esse resultado foi impulsionado pelo forte desempenho do setor minerador, que se beneficiou dos estímulos chineses voltados para a infraestrutura e construção civil.
A Austrália é um dos maiores fornecedores de minério de ferro e outros recursos minerais para a China, e as expectativas de aumento da demanda chinesa por essas commodities reforçaram o apetite dos investidores por ações do setor de mineração. As recentes medidas de Pequim para apoiar o setor imobiliário chinês aumentaram a expectativa de uma recuperação robusta, beneficiando diretamente as exportadoras australianas.
Tendências e expectativas para os mercados asiáticos
O cenário para os mercados asiáticos segue incerto, com os investidores avaliando o impacto de fatores internos, como os pacotes de estímulo da China e as mudanças na política do Japão, e externos, como a desaceleração econômica global. A expectativa é de que as bolsas chinesas continuem a se beneficiar das ações do governo, especialmente se o pacote de estímulos mostrar resultados concretos nas próximas semanas.
Por outro lado, no Japão, a escolha do novo primeiro-ministro e as possíveis mudanças nas políticas fiscais e econômicas devem continuar a gerar volatilidade. Caso Shigeru Ishiba confirme suas intenções de aumentar os impostos ou adotar uma postura mais rígida em relação ao mercado financeiro, é provável que o índice Nikkei continue a enfrentar pressão de venda.
Na Oceania, o mercado australiano deverá se beneficiar enquanto o apetite chinês por commodities mantiver a demanda em alta, embora fatores como a desaceleração econômica global possam eventualmente moderar esse crescimento.
Os mercados asiáticos começaram a semana de forma mista, com a bolsa chinesa liderando os ganhos, enquanto o Japão enfrentou uma forte correção. A combinação de estímulos econômicos e incertezas políticas continuará a influenciar as bolsas nos próximos dias, criando um cenário desafiador para os investidores. A atenção agora se volta para as próximas medidas dos governos e seus impactos sobre os mercados, especialmente em um ambiente de alta volatilidade global.