Nesta quinta-feira (8), o Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) realizará uma reunião extraordinária para discutir a distribuição de parte dos lucros recordes obtidos pelo fundo em 2023. Com um lucro histórico de R$ 23,4 bilhões no ano passado, a divisão desses ganhos será efetuada até 31 de agosto, conforme informou o Ministério do Trabalho e Emprego. Esta decisão impacta diretamente os trabalhadores, apesar de não alterar as condições para o saque dos valores.
Distribuição dos Lucros: Entenda as Regras
A distribuição dos lucros do FGTS não se traduz em uma liberação imediata dos valores para saque pelos trabalhadores. As condições para acessar os fundos permanecem as mesmas: é necessário que o trabalhador se aposente, seja demitido sem justa causa, ou se enquadre em outras condições específicas previstas por lei. Em 2022, a rentabilidade do FGTS foi de 7,09%, superando a inflação de 5,79% registrada no ano.
No ano passado, mais de 130 milhões de trabalhadores foram beneficiados com créditos referentes à distribuição dos lucros de 2021, totalizando R$ 12,7 bilhões. Este ano, a expectativa é de que o processo de distribuição seja semelhante, embora os valores ainda não tenham sido detalhados.
Mudança na Correção do FGTS: Decisão do STF
Uma mudança significativa ocorreu em junho deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a correção dos novos depósitos do FGTS deve ser feita, no mínimo, pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Anteriormente, o fundo era corrigido pela Taxa Referencial (TR) mais 3%. A nova regra estipula que a correção do FGTS acompanhará o IPCA sempre que a inflação for superior à correção atual do fundo.
Esta mudança é um reflexo das preocupações em relação à rentabilidade do FGTS em relação à inflação. Nos últimos anos, o governo já havia começado a distribuir parte dos lucros do FGTS para ajustar a correção dos valores pela inflação. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o cálculo para 2023 resultou em uma correção de 4,96%, o que é superior à inflação do ano, que foi de 4,62%.
Impacto da Decisão do STF sobre os Trabalhadores
A decisão do STF sublinha que o FGTS não deve ser considerado uma aplicação financeira, mas um fundo com uma função social crucial. A correção do fundo, portanto, precisa acompanhar a inflação para garantir que o valor dos depósitos mantenha seu poder de compra. Em 2021, por exemplo, a correção das contas foi de 5,83% (composta por 3% mais a distribuição dos lucros), enquanto o IPCA foi de 10,06%. Se a nova regra já estivesse em vigor naquele ano, a correção teria sido equivalente ao IPCA, ou seja, 10,06%.
Essa mudança promete ser benéfica para os trabalhadores, garantindo que o valor do FGTS preserve seu valor real, mesmo diante de variações inflacionárias. A medida visa proteger o poder de compra dos recursos depositados e assegurar que o fundo continue cumprindo sua função social.
Como Consultar os Valores do FGTS
Os trabalhadores poderão consultar os valores depositados no FGTS por meio do aplicativo oficial do FGTS, como ocorreu no ano passado. A plataforma digital oferece um acesso fácil e rápido às informações sobre os depósitos e eventuais créditos referentes à distribuição dos lucros.
O novo sistema de correção baseado na decisão do STF é esperado para melhorar a rentabilidade do FGTS, refletindo mais fielmente a inflação e garantindo que os recursos depositados não percam seu valor com o tempo.
A reunião extraordinária do Conselho Curador do FGTS representa um passo importante na administração do fundo, especialmente após o lucro recorde de R$ 23,4 bilhões registrado em 2023. A distribuição desses lucros é um alívio para os trabalhadores, embora não altere as condições de saque. A recente decisão do STF sobre a correção dos depósitos promete um futuro mais alinhado com a inflação, beneficiando diretamente os trabalhadores e assegurando que o FGTS continue a cumprir seu papel social.