A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro tem gerado impactos significativos na rotina e nas articulações políticas do partido. Além de obrigar uma mudança na dinâmica de trabalho dos principais líderes da legenda, a medida tem consequências diretas nas negociações políticas em diferentes estados do país.
Em Brasília, onde ambos têm seus escritórios próximos na sede do partido, um prédio de alto padrão na capital federal, a determinação do STF impõe desafios logísticos e organizacionais. A manutenção da medida poderia exigir que um dos caciques do PL alterasse seu local de trabalho, o que impactaria diretamente na coordenação das atividades partidárias e nas estratégias políticas.
A situação se reflete em diversos estados brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o PL enfrenta dificuldades em suas articulações políticas locais. Na capital paulista, por exemplo, a legenda ainda não definiu um nome para compor a chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como vice, e a discordância entre Bolsonaro e Valdemar em relação ao perfil do indicado dificulta ainda mais o processo. A impossibilidade de diálogo entre as principais lideranças do partido tem impacto direto nas decisões estratégicas e na condução das negociações.
No Rio de Janeiro, a situação não é diferente. O pré-candidato escolhido pelo PL, o deputado Alexandre Ramagem, está sob investigação da Polícia Federal no âmbito da investigação da Abin paralela. A incerteza sobre a viabilidade de sua candidatura levanta questões sobre a necessidade de um substituto e a impossibilidade de diálogo entre Bolsonaro e Valdemar torna a situação ainda mais complexa.
Além das questões eleitorais, há também conflitos locais que demandam mediação por parte do partido. Em João Pessoa, por exemplo, a indicação do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga como candidato não é bem recebida por algumas lideranças locais, o que evidencia a necessidade de diálogo e articulação interna.
Diante desse cenário, o senador Jorge Seif defende a busca pelo diálogo com o STF para reverter a medida. Segundo ele, é fundamental que o presidente de um partido possa dialogar com a principal liderança política, e essa impossibilidade pode prejudicar o funcionamento e a representatividade da legenda.