A desigualdade de renda no Brasil permaneceu estável em 2023, em comparação com o ano anterior, marcando o menor nível histórico até então. Essa estabilidade foi impulsionada, em grande parte, pela contribuição do programa Bolsa Família. No entanto, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua – Todos os rendimentos 2023, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam uma situação mais desigual no mercado de trabalho.
Estabilidade do Índice de Gini do Rendimento Domiciliar Per Capita
O índice de Gini do rendimento domiciliar per capita, utilizado como indicador de desigualdade, manteve-se em 0,518 em 2023, o mesmo valor registrado em 2022 e o menor desde o início da série histórica da pesquisa em 2012. Esse índice varia de 0 a 1, sendo que valores mais próximos de 1 indicam maior desigualdade. Antes da pandemia, em 2019, a desigualdade era de 0,544.
Composição do Rendimento e Impacto dos Programas Sociais
O rendimento considerado abrange não apenas os valores provenientes do trabalho, como salários, mas também outras fontes, como aposentadoria, pensão, aluguel, programas sociais como o Bolsa Família, entre outros. Gustavo Geaquinto, responsável pela pesquisa, destaca que o índice de Gini permaneceu estável devido ao avanço dos rendimentos dos programas sociais, especialmente o Bolsa Família, que compensaram pequenas variações nos rendimentos do trabalho.
Aumento da Desigualdade no Mercado de Trabalho
Por outro lado, o índice de Gini do rendimento médio de todos os trabalhos apresentou um aumento, passando de 0,486 em 2022 para 0,494 em 2023. Isso indica uma maior desigualdade no mercado de trabalho. Esse aumento é explicado pelo crescimento mais expressivo dos rendimentos entre os trabalhadores mais bem remunerados em comparação com aqueles na base da pirâmide salarial.
Recuperação Setorial e Desigualdade Educacional
Destaca-se também a recuperação do rendimento entre os trabalhadores com ensino superior completo, assim como entre os empregadores. Esse movimento reflete uma expansão importante da população ocupada, especialmente em segmentos mais sofisticados dos serviços, indicando uma recuperação geral do mercado de trabalho.
A desigualdade de renda no Brasil continua sendo um desafio, mesmo com avanços proporcionados por programas sociais como o Bolsa Família. Ainda há muito a ser feito para garantir uma distribuição mais equitativa de renda e oportunidades no país.