O dólar registrou um aumento significativo nos últimos sete dias em relação ao real brasileiro, com a moeda norte-americana saltando de R$ 5 para R$ 5,27. Essa elevação representa uma alta de 5,25% em um período relativamente curto, acendendo um alerta para o governo brasileiro e sua equipe econômica.
Após o fechamento do pregão desta terça-feira (16), o dólar não apenas atingiu, mas renovou seu maior patamar em mais de um ano. Essa valorização contínua preocupa as autoridades brasileiras, dado o impacto que pode ter na economia do país.
Em contraste, no ano de 2023, a moeda norte-americana havia acumulado uma queda de 8,06% durante o primeiro ano da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse declínio foi um fator importante para o controle da inflação e marcou o início do ciclo de corte de juros.
Entretanto, o panorama mudou no início de 2024. Até o momento, o dólar passou a acumular ganhos de 8,60% sobre o real, impulsionado principalmente pelas altas observadas nesta semana.
Três fatores principais ajudam a explicar essa desvalorização do real frente ao dólar:
1. Piora nas expectativas sobre cortes na taxa de juros dos Estados Unidos: Desde a última decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, novos dados da economia norte-americana foram divulgados, indicando um mercado de trabalho aquecido e aceleração da inflação no país. Essas informações deixam o BC dos EUA receoso de cortar os juros, o que pode impactar na valorização do dólar em relação a outras moedas.
2. Escalada dos conflitos entre Irã e Israel: O recente aumento das tensões entre o Irã e Israel contribui para a valorização do dólar como um ativo considerado mais seguro em momentos de instabilidade geopolítica. O temor de um agravamento dos conflitos no Oriente Médio alimenta a busca pela moeda americana, desvalorizando as moedas emergentes, como o real.
3. Mudança na meta fiscal anunciada pelo governo: O anúncio de uma mudança na projeção fiscal do país, com a previsão de déficit zero para 2025 em vez de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), gerou preocupações nos mercados. Essa alteração sinaliza um aumento dos gastos públicos e uma menor capacidade de controle da dívida pública, o que pode afetar a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros e contribuir para a saída de dólares do país.
Diante desses cenários, o mercado financeiro está atento às próximas movimentações do governo e das autoridades econômicas para conter a valorização do dólar e mitigar os impactos sobre a economia brasileira. O Banco Central, em particular, poderá reavaliar sua política monetária diante desses desdobramentos. As projeções para a taxa Selic já indicam um possível aumento, o que pode afetar o acesso ao crédito e o consumo no país.