Em uma reviravolta inesperada, a presença do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em uma reunião na Câmara dos Deputados, convocada pelo embaixador israelense Daniel Zonshine, gerou controvérsias e críticas por parte de membros do Partido dos Trabalhadores (PT). A Embaixada de Israel, no entanto, mantém a posição de que Bolsonaro não foi oficialmente convidado para o encontro, levantando questionamentos sobre a natureza de sua participação.
A reunião, realizada em 8 de novembro, teve como objetivo mostrar as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro, conforme declarado em comunicado divulgado pela Embaixada de Israel em 9 de novembro. Mais de 300 parlamentares estiveram presentes para assistir a imagens do ataque do Hamas. Apesar da afirmação da embaixada de que apenas parlamentares foram convidados, Jair Bolsonaro estava sentado ao lado do embaixador Daniel Zonshine, criando uma situação descrita pelo PT como uma intromissão na política interna do Brasil.
A nota oficial da embaixada enfatizou que a presença de Bolsonaro não foi coordenada por eles e não era conhecida antes do evento, ocorrendo de forma fortuita. A embaixada expressou gratidão às autoridades brasileiras pela prisão de suspeitos ligados ao grupo terrorista Hezbollah, reiterando o compromisso com os laços fortes e fraternos entre Brasil e Israel.
No entanto, a alegação de que Bolsonaro não foi convidado foi recebida com ceticismo, especialmente por líderes do PT. A deputada Gleisi Hoffmann usou as redes sociais para condenar o incidente, afirmando: “Mais uma vez, o Embaixador de Israel no Brasil interferiu indevidamente na política interna de nosso país, em um ato público com o inelegível Jair Bolsonaro, realizado no coração do Congresso Nacional”. Esse sentimento foi ecoado pelo deputado Lindbergh Farias, que afirmou que o embaixador Daniel Zonshine ultrapassou os limites aceitáveis ao se envolver publicamente com Bolsonaro.
No Twitter, Hoffmann expressou sua desaprovação à situação, enfatizando a alegada interferência do embaixador israelense na política brasileira. Farias foi além, acusando Zonshine de criticar o ex-presidente Lula e seu governo, que consistentemente advogam pela paz ao longo do conflito.
A controvérsia intensificou o debate em torno da interferência estrangeira e do papel de diplomatas internacionais no cenário político brasileiro. As perguntas levantadas pelos membros do PT sobre a presença de Bolsonaro, apesar da negação de um convite oficial pela embaixada, destacam as complexidades das relações diplomáticas entrelaçadas com a política doméstica.
À medida que as tensões aumentam, resta saber como esse incidente impactará a relação do Brasil com Israel e se alimentará ainda mais as divisões políticas no país. O episódio não apenas reacendeu discussões sobre o conflito no Oriente Médio, mas também trouxe à tona a delicada balança entre assuntos diplomáticos e soberania interna.