Empresas exportadoras de bens representavam 0,88% do total de companhias no Brasil em 2020, mas eram responsáveis diretamente por aproximadamente 15% dos empregos formais do país. Os números fazem parte de estudo da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
O trabalho é o primeiro que avalia especificamente o perfil dessas companhias. E foi construído com base em dados da própria Secex, da Receita Federal e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) que vão até 2020.
Segundo o estudo, no ano em questão, aproximadamente 24,9 mil empresas venderam bens para outros países, sendo responsáveis diretas por cerca de 5,2 milhões de empregos formais.
De acordo com a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, as empresas levam em consideração três fatores principais para avaliar para quais países venderão: tamanho do mercado, distância e tarifas impostas.
O trabalho mostra que o principal destino dos embarques era a América Latina, região para a qual 61% dessas empresas exportavam. “Ademais, no mesmo ano, 41% das exportadoras do Brasil enviaram seus produtos a países membros do Mercosul”, diz a Secex.
A soma dos percentuais nesse caso supera os 100% porque uma companhia pode vender para mais de um país. Estados Unidos e Europa apareciam na sequência como principais destinos das exportações (32% cada um), com a Ásia logo depois (28%).
Mas, ainda que América Latina e Mercosul fossem os destinos mais importantes, as vendas para Estados Unidos e Europa vinham mostrando cada vez “um maior dinamismo” no fim da década passada, segundo a secretária.
Em termos de concentração regional, São Paulo e Rio Grande do Sul abrigavam juntas mais da metade das empresas exportadoras: 43% estavam em território paulista e 11% em território gaúcho.
Salários pagos e escolaridade
Outro ponto mostrado pelo trabalho é a correlação entre as empresas que vendiam para o exterior e o perfil de seus funcionários. Empresas que exportavam mais pagavam salários mais altos, tinham empregados com maior escolaridade e possuíam maior número de funcionários.
Os números ainda mostram que, depois de 10 anos de sua criação, a probabilidade de uma companhia continuar vendendo para outros países era de apenas 1%. Esse percentual era maior para as indústrias extrativa e de transformação.
Efeitos da reforma tributária
Para a titular da Secex, os números mostram que “exportar faz bem para as empresas, os empregados e as comunidades em que essas mesmas empresas estão inseridas”. Além disso, “se quisermos ampliar a base exportadora, é importante, sim, concluir novos acordos comerciais”.
Ela ainda afirma que a realização da reforma tributária nos moldes propostos pelo governo federal seria duplamente benéfica para ampliar as vendas para o exterior: ao desonerar a indústria e ao diminuir a cumulatividade de impostos de uma forma mais ampla, permitindo que o Brasil “deixe de exportar tributos”.