O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) por falas preconceituosas e discriminatórias. Na semana passada, os dois bateram boca, por meio das redes sociais, após o governador ter decidido manter as escolas cívico-militares no Estado.
A informação sobre a denúncia foi publicada por Leite nesta quinta-feira (20) em suas redes sociais (veja abaixo). O governador afirmou que tomou a mesma atitude quando sofreu ataques homofóbicos em casos que ocorreram com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Roberto Jefferson.
“Quando Jean Wyllys dispara também ataques a uma decisão que eu tomei como Governador. Ele pode não concordar, pode ter outra visão, mas tenta associar essa decisão a minha orientação sexual e até a preferências sexuais. Eu devo entrar contra ele com uma representação. Aliás, fiz essa representação para que seja apurado um ato de preconceito, de discriminação, de homofobia”, afirmou o governador.
Na sexta-feira passada (14), Leite e Wyllys discutiram no Twitter após a notícia de que o Rio Grande do Sul decidiu manter as escolas cívico-militares no Estado. Atualmente, há 18 unidades estaduais nesse modelo.
O governo federal anunciou o encerramento do programa, instituído em 2019 por Jair Bolsonaro (PL), mas vários governadores se manifestaram pela manutenção em seus respectivos Estados. Eduardo Leite foi um deles e postou um print da notícia em suas redes sociais. Veja:
Jean Wyllys fez, então, uma publicação em resposta a Leite. Ele publicou um print da postagem do governador, criticou a decisão e afirmou que ela se tratava de “homofobia internalizada.”
Leite foi o primeiro candidato à presidência da República a admitir publicamente sua homossexualidade, em 2021, durante entrevista a Pedro Bial, da TV Globo.
“Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!”, escreveu o deputado.
O governador do Rio Grande do Sul retwetou a postagem de Jean Wyllys e “lamentou a ignorância” do deputado. Leite enfatizou que a manifestação em nada contribui “para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância”.
Jean Wyllys está no Brasil?
Depois de passar quatro anos no exterior, Jean Wyllys retornou ao Brasil no fim de junho. Ele abriu mão do mandato na Câmara em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, e decidiu deixar o país. Na época, disse que estava recebendo várias ameaças de morte, que se intensificaram após o assassinato da então vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.
Em 2016, durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, Wyllys cuspiu no rosto de Jair Bolsonaro, então deputado federal. O caso levou à abertura de um processo contra o parlamentar no Conselho de Ética da Câmara.
Agora, ele terá um cargo no Palácio do Planalto e atuará como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo Lula.
A defesa de Jean Wyllys não foi localizada para comentar a denúncia de Eduardo Leite ao MPF.