Representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do governo argentino liderado por Javier Milei revelaram, nesta quarta-feira (10), um acordo técnico que resultará em um novo desembolso de US$ 4,7 bilhões para a Argentina.
Durante as negociações com a equipe técnica do FMI, o governo argentino se comprometeu com uma meta de superávit primário de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano corrente. Essa meta, considerada consistente com o equilíbrio global, será alcançada por meio de uma combinação de medidas relacionadas a receitas e despesas.
Em sintonia com o programa fiscal, o governo também se comprometeu a não emitir nova dívida. Em vez disso, concentrar-se-á na melhoria do perfil da dívida interna, buscando reconstruir sua relação com os mercados internacionais, conforme destacado pelo FMI.
O FMI, em comunicado, mencionou que espera que as receitas sejam temporariamente apoiadas por impostos mais elevados relacionados ao comércio, bem como por ganhos provenientes da normalização da produção agrícola.
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, enfatizou em coletiva de imprensa que o acordo foi alcançado no âmbito da sétima revisão do Programa de Facilidades Estendidas. Ele esclareceu que não se trata de um novo acordo, mas sim da recuperação do acordo anterior, prejudicado pelo descumprimento das metas. Caputo ressaltou que o montante de US$ 4,7 bilhões não é “dinheiro novo”, mas destina-se ao pagamento dos vencimentos de capital ocorridos em dezembro e aos que vencem em abril.
Caputo, ao lado do presidente do Banco Central da República Argentina (BCRA), Santiago Bausili, destacou que a maioria das medidas anunciadas pelo governo Milei, incluindo o “decretazo” e a “Lei Ônibus”, está alinhada com o acordo firmado com o Fundo.
O comunicado do FMI, divulgado previamente à entrevista de Caputo, afirmou que foram alcançados entendimentos sobre um conjunto reforçado de políticas para restaurar a estabilidade macroeconômica e recolocar o programa nos trilhos, visto que os principais objetivos do programa inicial foram descumpridos devido a graves reveses políticos.
O anúncio do acordo impulsionou fortemente os ativos argentinos no exterior, com os bônus soberanos argentinos em dólares subindo até 6%, enquanto o risco país voltou a cair abaixo de 2.000 pontos-base. A notícia representa um passo significativo para a estabilização da economia argentina e a reconstrução da confiança dos investidores.