Em algumas regiões do Brasil, notadamente nas dunas do Nordeste, grandes turbinas eólicas já fazem parte da paisagem. Essas estruturas, que se assemelham a ventiladores gigantes, geram energia elétrica a partir da força dos ventos. Agora, de acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), essas usinas eólicas estão prestes a se tornar uma parte comum também da paisagem marítima, trazendo consigo a promessa de um aumento significativo na capacidade de produção de energia elétrica no Brasil.
Potencial de Geração
A pesquisa da CNI, intitulada “Oportunidades e Desafios para Geração Eólica Offshore no Brasil e a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono,” revela que o Brasil tem um grande potencial inexplorado para a geração de energia eólica offshore, ou seja, a partir de turbinas localizadas no mar. Esse potencial poderia levar o Brasil a aumentar sua capacidade de produção de energia elétrica em 3,6 vezes em comparação com a capacidade atualmente instalada no Sistema Interligado Nacional.
Contribuição para a Transição Energética
A inclusão da energia eólica offshore na matriz energética brasileira desempenha um papel fundamental para que o Brasil cumpra suas metas no Acordo de Paris em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa. O país se comprometeu a reduzir as emissões em 37% até 2025 e em 50% até 2030, com base nos níveis de 2005. Além disso, o Brasil também assumiu o compromisso de alcançar emissões líquidas neutras até 2050.
Exportação de Energia e Hidrogênio Verde
Se o Brasil conseguir aproveitar todo esse potencial, terá um excedente de energia elétrica. Isso não apenas tornará a matriz energética mais limpa e sustentável, mas também abrirá a possibilidade de exportar energia para outros países, além de impulsionar a economia do hidrogênio verde, que é produzido a partir de fontes renováveis, como a energia eólica. O hidrogênio verde pode ser utilizado em diversos setores industriais intensivos em energia e também na fabricação de fertilizantes, um produto importado pelo Brasil.
Competição Global e Desafios
A CNI vê o Brasil como um forte competidor no mercado global de energia eólica offshore e considera essa indústria uma prioridade em seu plano de retomada da indústria. No entanto, existem desafios, como questões ambientais relacionadas a aves e espécies marinhas, além da competição por espaço oceânico com atividades como pesca, navegação e extração de óleo e gás.
Ainda não existe um marco regulatório claro para a energia eólica offshore no Brasil, embora o governo tenha tomado medidas para regulamentar o setor. A CNI destaca a importância da criação de um marco regulatório para orientar o desenvolvimento dessa atividade.
Experiência em Águas Profundas
A tendência é que os projetos de geração eólica offshore sejam implementados em locais cada vez mais distantes da costa, o que representa desafios e oportunidades para empresas que atuam no mercado de óleo e gás no Brasil, devido à sua experiência em operações em águas profundas. A Petrobras, por exemplo, já firmou parcerias para avaliar projetos de eólica offshore no Brasil.
A energia eólica offshore representa uma nova fronteira na busca por fontes limpas e renováveis de energia no Brasil, com o potencial de transformar a matriz energética do país e impulsionar a economia, ao mesmo tempo em que contribui para a transição global em direção a uma economia de baixo carbono.