O Google violou seus padrões prometidos ao colocar anúncios em vídeo em outros sites, de acordo com uma nova pesquisa que levanta questões sobre a transparência do negócio de anúncios online da gigante da tecnologia.
No YouTube, o canal do Google exibe anúncios em seu próprio site e aplicativo, mas a empresa também faz a intermediação para veiculação de anúncios em vídeo em outros sites da web por meio de um programa chamado Google Video Partners.
O Google cobra um prêmio, prometendo que os anúncios que coloca serão veiculados em sites de alta qualidade, antes do conteúdo de vídeo principal da página, com o áudio ligado, e que as marcas pagarão apenas pelos anúncios que não forem ignorados.
O Google viola esses padrões cerca de 80% das vezes, segundo pesquisa da Adalytics, empresa que ajuda marcas a analisar onde seus anúncios aparecem online. A empresa acusou a “big tech” de colocar anúncios em vídeos pequenos, sem som e reproduzidos automaticamente ao lado do conteúdo principal de uma página, em sites que não atendem aos padrões de monetização do Google, entre outras violações.
A Adalytics compilou seus dados observando campanhas de mais de 1.100 marcas que obtiveram bilhões de impressões de anúncios entre 2020 e 2023. A empresa compartilhou o levantamento com o “The Wall Street Journal”.
Em um comunicado, o Google disse que o relatório “faz muitas afirmações imprecisas e não reflete como a empresa mantém os anunciantes seguros”. A companhia disse que tem políticas rígidas para o programa que veicula anúncios em vídeo em sites de terceiros.
“Como parte de nossos esforços de segurança de marca, removemos regularmente anúncios de sites parceiros que violam nossas políticas e tomaremos as medidas apropriadas assim que o relatório completo for compartilhado conosco”, disse a empresa.
Alguns compradores de anúncios que revisaram a pesquisa dizem que querem seu dinheiro de volta. “Esta é uma quebra de confiança inaceitável por parte do YouTube”, disse Joshua Lowcock, diretor global de mídia da agência de publicidade UM Worldwide. “O Google deve corrigir isso e reembolsar totalmente os clientes por qualquer fraude”.
Para a pesquisa, a Adalytics trabalhou com agências de publicidade a fim de analisar os relatórios de posicionamento de compra de anúncios de seus clientes. A empresa também avaliou os dados coletados por companhias que arquivam a web para encontrar casos em que os anúncios foram exibidos em sites que não atendiam aos requisitos do Google Video Partners.
Entre as principais marcas cujos posicionamentos de anúncios em vídeo do Google não estavam de acordo com os padrões prometidos estavam Johnson & Johnson, American Express, Samsung, Sephora, Macy’s, Disney+ e The Wall Street Journal, de acordo com a Adalytics. Também afetou anúncios de agências governamentais, incluindo o Medicare, o Exército dos EUA, a Administração de Seguridade Social e o governo municipal da cidade de Nova York.
O YouTube responde por 8,3% dos gastos com anúncios em vídeo digital nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de pesquisa Insider Intelligence. Os profissionais de marketing se sentem obrigados a anunciar no YouTube por causa de seu tamanho, disseram vários anunciantes que utilizam esse tipo de serviço.