Iniciativa Ambiciosa Marca o Dia Nacional do Cinema
Nesta terça-feira (19), em um evento celebrado no Rio de Janeiro para marcar o Dia Nacional do Cinema, o governo federal anunciou um investimento significativo de R$ 1,6 bilhão no setor audiovisual, com foco na produção de filmes e séries nacionais. A data comemorativa remete às primeiras imagens cinematográficas registradas no Brasil em 19 de junho de 1898, pelo cineasta Afonso Segreto, um marco na história do cinema nacional.
Regulamentação da Cota de Tela
Durante a cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que regulamenta a cota de tela em cinemas. A Lei 14.814/2024, sancionada em janeiro deste ano, estipula que as salas de cinema devem exibir uma quantidade mínima de obras cinematográficas brasileiras até 31 de dezembro de 2033. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) será responsável pela fiscalização do cumprimento dessa lei, assegurando que os filmes nacionais sejam exibidos de forma proporcional ao longo do ano.
Valorização da Produção Audiovisual Brasileira
O objetivo do governo é promover a valorização do cinema nacional, impulsionando a produção e exibição de filmes brasileiros. No evento, o presidente Lula enfatizou a importância da regulamentação do setor de streaming, uma discussão que está em andamento no Congresso e que prevê a taxação de plataformas digitais. Ele também destacou a necessidade de valorizar as produções audiovisuais brasileiras.
“Eu acho que a gente tem condições de fazer uma regulamentação para que esse país seja livre, soberano, dono do seu nariz, da sua arte e do seu futuro,” afirmou Lula. “Um país que não tem cultura, que não investe nela, o povo não é povo, é massa de manobra. Porque a cultura politiza e refresca a cabeça das pessoas. Por isso que acreditamos muito na cultura e investimos nela.”
Nova Linha de Crédito do BNDES
A cerimônia também contou com a participação de Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que anunciou a criação de uma linha de crédito específica para a indústria audiovisual, o BNDES FSA Audiovisual. Desenvolvida em parceria com o Ministério da Cultura e a Ancine, a linha de crédito tem um orçamento inicial de R$ 400 milhões, financiado pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
Fomento à Produção e Infraestrutura
O BNDES FSA Audiovisual visa atender empresas de controle nacional, aprovando projetos com valor mínimo de R$ 10 milhões. Projetos de menor porte receberão apoio através do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Segundo Mercadante, o objetivo é investir nos principais gargalos da produção e exibição audiovisual, incluindo infraestrutura, inovação e acessibilidade.
“Vamos levantar o cinema brasileiro. Garantir tela para quem produz a alma e a história do povo brasileiro,” disse Mercadante.
Impacto Econômico e Cultural
O investimento de R$ 1,6 bilhão no setor audiovisual representa um impulso significativo para a economia e cultura do Brasil. Além de gerar empregos diretos e indiretos na indústria cinematográfica, a iniciativa fortalece a identidade cultural do país, promovendo a diversidade e a riqueza das produções nacionais.
Cota de Tela e a Lei do Audiovisual
A regulamentação da cota de tela faz parte de um esforço maior para assegurar que o cinema brasileiro tenha espaço garantido nos cinemas do país. A Lei 14.814/2024 complementa a Lei 6.404 de 1976, que obriga todas as empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, a distribuir proventos a seus acionistas a cada exercício social. Ambas as leis visam promover uma distribuição justa e proporcional dos recursos e espaços disponíveis para as produções nacionais.
Desafios e Expectativas
A implementação da cota de tela e o investimento no setor audiovisual apresentam desafios, como a necessidade de equilibrar a programação dos cinemas e a resistência de algumas distribuidoras internacionais. No entanto, o governo federal acredita que essas medidas são essenciais para garantir o crescimento e a sustentabilidade da indústria cinematográfica brasileira.
O anúncio do investimento de R$ 1,6 bilhão no setor audiovisual e a regulamentação da cota de tela representam passos significativos para a valorização do cinema nacional. Com o apoio do BNDES e a fiscalização da Ancine, espera-se que o Brasil se torne um polo de produção audiovisual ainda mais forte, promovendo a cultura e gerando oportunidades econômicas para o país. A iniciativa reforça o compromisso do governo com a arte, a cultura e a identidade nacional, assegurando que o cinema brasileiro continue a prosperar e a encantar espectadores dentro e fora do Brasil.