O hacker Walter Delgatti Neto compareceu à CPI dos Atos Golpistas no Senado, prestando um depoimento que lançou luz sobre sua relação com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e suas ações envolvendo invasões a sistemas judiciários e discussões sobre a lisura das urnas eletrônicas. Delgatti afirmou que Zambelli prometeu a ele um emprego na campanha de reeleição de Bolsonaro, mas ele acabou cuidando das redes sociais da parlamentar. Além disso, o hacker alegou ter recebido R$ 40 mil de Zambelli para invadir sistemas do Judiciário, e discutiu com Bolsonaro alegadas fragilidades das urnas eletrônicas.
A sessão da CPI começou às 9h35 e permitiu que Delgatti esclarecesse os parlamentares sobre suas atividades relacionadas à invasão de sistemas judiciários, a interação com Carla Zambelli e a reunião com Bolsonaro e Zambelli sobre as urnas eletrônicas no Palácio da Alvorada.
O encontro inicial entre Delgatti e Zambelli ocorreu por acaso em Ribeirão Preto (SP), onde trocaram contatos e a deputada lhe ofereceu um emprego na campanha de Bolsonaro. Delgatti então afirmou que foi a Brasília, onde conversou com o ex-presidente e acabou atuando nas redes sociais do gabinete de Zambelli. No entanto, o serviço foi interrompido devido a uma ordem do ministro Alexandre de Moraes que restringiu o acesso da deputada às redes sociais.
O hacker também relatou ter sido conduzido a Bolsonaro por Zambelli, e em uma reunião próxima às eleições do ano anterior, o ex-presidente teria questionado Delgatti sobre a integridade das urnas eletrônicas. Delgatti destacou que aceitou a reunião devido à oferta de emprego e sua situação financeira precária na época.
O encontro com Bolsonaro foi intermediado por Zambelli e ocorreu no ano de 2022. Durante essa reunião, Delgatti alega que Bolsonaro expressou interesse em autenticar a lisura das urnas eletrônicas, um tema que gerou controvérsias e debates no Brasil. Delgatti enfatizou que a reunião ocorreu sob a premissa de um possível emprego, o que influenciou sua decisão de participar.
A relação entre o hacker e Zambelli também envolveu um pagamento de R$ 40 mil, de acordo com as alegações de Delgatti. Ele afirmou que recebeu esse valor da deputada para invadir sistemas do Judiciário, embora tenha ressaltado que o serviço foi interrompido devido à intervenção do ministro Alexandre de Moraes.
A defesa de Carla Zambelli nega veementemente qualquer envolvimento em condutas ilícitas ou imorais, e rejeita as alegações de pagamento ao hacker.
O hacker Walter Delgatti Neto ficou conhecido anteriormente por ter vazado mensagens atribuídas a autoridades como o então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, bem como membros da força-tarefa da Lava Jato e outras autoridades. Esses vazamentos geraram repercussões significativas no cenário político brasileiro.
O depoimento de Delgatti à CPI dos Atos Golpistas trouxe à tona detalhes intrigantes sobre a interseção entre a política, a cibersegurança e a integridade das eleições. A alegação de que um hacker foi solicitado a autenticar a lisura das urnas eletrônicas por um presidente em exercício destaca as preocupações relacionadas à segurança cibernética e à confiabilidade do processo eleitoral no Brasil. Enquanto as investigações continuam, o país aguarda mais esclarecimentos e informações sobre essas alegações para compreender as implicações desses eventos em suas instituições democráticas.