Ibovespa 190 mil pontos: por que o JPMorgan vê 2026 como ano decisivo para a Bolsa brasileira
O cenário traçado pelo JPMorgan para o mercado de ações brasileiro em 2026 tem um número central: Ibovespa 190 mil pontos. Essa é a projeção de referência do banco para o fim de 2026, em um cenário considerado “base”, com potencial de alta em torno de 19% em relação ao nível recente do índice. Mas, ao mesmo tempo em que o otimismo com o Brasil é reiterado, a instituição deixa claro que o ano será marcado por forte volatilidade, incerteza eleitoral e possibilidade de resultados extremos, tanto para cima quanto para baixo.
Na leitura do banco, o Ibovespa 190 mil pontos resume um ponto de equilíbrio num ambiente em que as eleições presidenciais de 2026, o ciclo de corte de juros e a trajetória fiscal vão determinar se o Brasil será visto como oportunidade ou fonte de risco entre os emergentes. Em um cenário pessimista, o índice poderia recuar para a faixa de 120 mil pontos; em uma hipótese mais positiva, poderia chegar a 230 mil pontos. Entre esses extremos, o cenário em que o Ibovespa 190 mil pontos se materializa depende de uma combinação delicada de política monetária, responsabilidade fiscal e resultado das urnas.
O peso do dólar e a preparação para 2026
O relatório destaca que parte relevante da forte valorização dos ativos da América Latina em 2025 foi explicada por fatores globais, em especial pela fraqueza do dólar. Em regiões com alta sensibilidade à moeda norte-americana, como a América Latina, qualquer movimento de desvalorização do dólar tende a favorecer o fluxo de capitais para mercados locais, e o Brasil se beneficiou diretamente desse ambiente.
Nesse contexto, o Ibovespa 190 mil pontos para 2026 não é apenas um número arbitrário. Ele sintetiza a visão de que, ao contrário de 2025, quando o cenário externo foi determinante, o próximo ano será marcado por diferenciação entre emergentes, com o Brasil ganhando relevância pela combinação de juros mais baixos, mercado ainda descontado e, ao mesmo tempo, alto grau de incerteza política. O JPMorgan mantém recomendação de exposição acima da média ao Brasil entre os emergentes, mas ressalta que a trajetória até o Ibovespa 190 mil pontos será tudo menos linear.
Juros em queda: o primeiro motor do Ibovespa 190 mil pontos
O principal ponto de apoio para o cenário base do Ibovespa 190 mil pontos é o começo do ciclo de afrouxamento monetário em 2026. Hoje, as taxas de juros reais brasileiras estão entre as mais altas do mundo, o que ajuda a conter a inflação e desacelerar a atividade, mas também torna o custo de capital elevado para empresas e desestimula parte do apetite por risco.
A expectativa do JPMorgan é que o Banco Central inicie o corte de juros entre janeiro e março, em decisão considerada apertada. Em seu cenário de referência, a instituição projeta reduções de 0,5 ponto percentual por reunião, levando a uma queda acumulada de 3,5 a 4 pontos percentuais ao longo do ciclo. Esse movimento, se confirmado, destrava valor em vários setores da Bolsa, reduz despesas financeiras, melhora projeções de lucro e reforça o racional por trás da projeção de Ibovespa 190 mil pontos.
Do ponto de vista do investidor, a migração gradual de títulos de renda fixa para ações tende a ganhar força quando o juro real começa a recuar de forma consistente. É esse ajuste de portfólio que ajuda a sustentar o Ibovespa 190 mil pontos como uma referência plausível em um ambiente de maior apetite por risco.
Eleições de 2026: o fator binário por trás do Ibovespa 190 mil pontos
Se os juros são o primeiro motor, a política é o grande fator de risco. O relatório do banco é explícito ao classificar o Brasil como uma “aposta binária” para 2026. Em outras palavras, o Ibovespa 190 mil pontos é apenas um ponto intermediário entre cenários que podem ser muito mais adversos ou significativamente mais positivos.
A eleição presidencial de outubro de 2026 já está no centro das atenções. O banco trabalha com a hipótese de uma disputa apertada e de resultado binário, com forte impacto sobre a percepção de risco fiscal a partir de 2027. Se o mercado enxergar compromisso com responsabilidade fiscal, manutenção de reformas e respeito a limites de gasto, o cenário otimista — acima de Ibovespa 190 mil pontos, em direção à faixa de 230 mil — ganha força. Se prevalecer a leitura de ruptura em relação aos últimos anos, a hipótese mais dura, em torno de 120 mil pontos, ganha protagonismo.
A própria dificuldade do banco em cravar uma meta única reflete essa incerteza. Ao projetar Ibovespa 190 mil pontos, os estrategistas deixam claro que estão diante de um dos momentos mais complexos para estimar ponto de chegada, justamente porque a virada do ciclo de juros coincide com uma eleição polarizada e com dúvidas sobre o rumo fiscal a partir de 2027.
Ibovespa 190 mil pontos e o dilema fiscal a partir de 2027
Um dos argumentos centrais do JPMorgan é que o atual ambiente de juros elevados não poderá ser mantido se a política fiscal continuar pressionando a trajetória da dívida. O banco lembra que, nos últimos três anos, a relação dívida/PIB do Brasil aumentou mais de 10 pontos percentuais, enquanto os gastos cresceram mais de 20%. Para que o cenário base de Ibovespa 190 mil pontos se sustente, será necessário que o próximo governo sinalize compromisso claro com a consolidação fiscal.
Caso haja percepção de ruptura, o ciclo de corte de juros pode ser interrompido ou revertido, o prêmio de risco pode subir e a moeda brasileira pode sofrer, enfraquecendo o racional de valorização da Bolsa. Nesse ambiente, o cenário pessimista ganharia espaço, afastando o índice do patamar de Ibovespa 190 mil pontos e aproximando-o da faixa de 120 mil.
Por outro lado, um governo comprometido com ajuste gradual, revisão de gastos obrigatórios, revisão de subsídios e avanço de reformas estruturais tende a ancorar expectativas. Com isso, a projeção de Ibovespa 190 mil pontos passa a ser vista não apenas como um equilíbrio, mas até como ponto conservador diante do potencial de reprecificação dos ativos brasileiros.
Valuation: Brasil ainda descontado e o espaço até o Ibovespa 190 mil pontos
Um dos pilares da visão construtiva do JPMorgan é o fato de o mercado brasileiro ainda negociar com desconto em relação a outros emergentes. O banco destaca que o múltiplo preço/lucro (P/L) do Brasil está abaixo da média de seus pares e que sete dos dez principais setores da Bolsa operam com valuation inferior tanto às próprias médias históricas quanto às médias de emergentes e do mercado global.
Nesse quadro, a projeção de Ibovespa 190 mil pontos parte da premissa de reavaliação do mercado — e não de um crescimento explosivo de lucros. A expectativa para os resultados corporativos é de crescimento em dígitos baixos, em linha com uma economia que desacelera de algo próximo a 2% para algo próximo de 1%. Ainda assim, o recuo dos custos de financiamento pode ampliar margens e aliviar balanços, o que reforça o caso para valorização de múltiplos.
Na prática, o movimento em direção ao Ibovespa 190 mil pontos dependerá mais da disposição dos investidores em pagar múltiplos mais altos por resultados ligeiramente melhores, em um ambiente de juros menores, do que de uma expansão agressiva de lucros em si.
Agenda de 2026: eventos-chave no caminho do Ibovespa 190 mil pontos
Algumas datas são centrais na trajetória traçada pelo banco. A reunião do Banco Central de 28 de janeiro é apontada como possível marco inicial do ciclo de afrouxamento. Caso o corte seja adiado, a reunião de 18 de março passa a ser o novo foco. São nessas decisões que o mercado começa a testar se o cenário de Ibovespa 190 mil pontos é plausível ou se as projeções precisarão ser revisadas.
No campo político, o calendário também pesa. O Congresso retoma os trabalhos na primeira semana de fevereiro, mas a agenda legislativa só ganha ritmo após o Carnaval. A partir da semana de 23 de fevereiro, a definição de candidaturas presidenciais começa a ganhar corpo. Candidatos que precisam deixar cargos até 4 de abril — como governadores com ambição nacional — tornam esse período especialmente sensível para os mercados. É nesse intervalo que o cenário de Ibovespa 190 mil pontos começa a ser confrontado com pesquisas, alianças e sinais de composição política.
Na sequência, o calendário eleitoral se desenha com o primeiro turno em 4 de outubro e eventual segundo turno em 25 de outubro. O governo eleito toma posse em 1º de janeiro de 2027, junto com governadores e parlamentares, momento em que o desenho final da política econômica começa, de fato, a se materializar. Todos esses marcos podem aproximar ou afastar o mercado da projeção de Ibovespa 190 mil pontos.
Riscos locais e globais para o Ibovespa 190 mil pontos
Entre os riscos locais, o relatório destaca o caráter imprevisível da eleição e a possibilidade de o debate fiscal se tornar mais tenso, com propostas que ampliem gastos permanentes sem contrapartidas. Se isso ocorrer, a curva de juros pode voltar a subir, pressionando o câmbio e afastando o cenário de Ibovespa 190 mil pontos.
Do lado global, um risco clássico é o de recessão em grandes economias, sobretudo se bancos centrais demorarem para afrouxar as condições monetárias. Uma desaceleração mais forte do crescimento mundial pode reduzir apetite por risco e afetar o fluxo para emergentes. Esse tipo de choque externo, combinado com incerteza interna, poderia produzir o cenário de 120 mil pontos, bem abaixo da referência de Ibovespa 190 mil pontos.
Na direção oposta, um ambiente global de juros mais baixos, crescimento moderado e busca por retorno em mercados descontados favorece emergentes e, em particular, o Brasil. Nessas condições, a combinação de juros em queda, prêmio de risco ainda elevado e Bolsa barata torna o cenário de Ibovespa 190 mil pontos bastante plausível, com margem inclusive para superar essa marca.
Posição do Brasil entre emergentes e o papel do Ibovespa 190 mil pontos
Na análise do JPMorgan, as ações de emergentes como um todo estão bem posicionadas para um bom desempenho em 2026, apoiadas em juros locais mais baixos, crescimento de lucros, avaliações atrativas e melhora de governança. A projeção de valorização de 15% para o índice MSCI de emergentes reforça esse quadro.
Dentro desse grupo, China, Coreia, Índia, Brasil, África do Sul, Emirados Árabes, Grécia e Polônia aparecem como mercados prioritários, cada um com peculiaridades. O Brasil se destaca justamente por ser um dos poucos ainda negociando com desconto, o que reforça a tese de um movimento de correção de preços em direção ao Ibovespa 190 mil pontos.
Essa meta atua, portanto, como referência para investidores globais que buscam calibrar exposição ao país: abaixo dela, a leitura é de que o mercado está barato diante de fundamentos; muito acima dela, o debate passa a girar em torno de possível euforia ou precificação excessivamente otimista.






