Seis anos após o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta uma denúncia que lança luz sobre a sombria relação entre a expansão das milícias e a corrupção nos espaços de poder no Rio de Janeiro.
Marielle, conhecida por sua atuação combativa na Câmara Municipal do Rio, tornou-se uma ameaça aos interesses dos grupos milicianos, especialmente no que diz respeito às políticas urbanísticas e habitacionais. A denúncia da PGR aponta Chiquinho Brazão, deputado, e seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, como os supostos mandantes do crime, destacando suas alianças com diversas facções milicianas desde o início dos anos 2000.
Os Brazão, segundo a PGR, mantêm laços estreitos com milicianos em áreas como Oswaldo Cruz, Rio das Pedras e Jacarepaguá, onde exercem influência política. Nas eleições municipais, foram os políticos mais votados em Rio das Pedras, evidenciando o controle que as milícias exercem sobre o processo eleitoral em suas áreas de influência.
A denúncia revela ainda a prática de “grilagem” de terras nas regiões dominadas pelas milícias, em que os Brazão teriam oferecido loteamentos irregulares como pagamento pela execução de Marielle. Essa estratégia, segundo a PGR, envolvia ocupação ilegal de terrenos, regularização fraudulenta e posterior comercialização com lucros exorbitantes.
A ascensão política da família Brazão também teria sido facilitada pela nomeação de milicianos para cargos em órgãos públicos, como a Câmara Municipal do Rio e o Tribunal de Contas do Estado. Essa prática servia não só para consolidar redutos eleitorais, mas também para explorar atividades imobiliárias ilícitas.
A denúncia destaca o papel do ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, que teria usado o cargo para garantir impunidade aos autores intelectuais do crime, além de oferecer auxílio intelectual aos criminosos, orientando-os sobre os momentos ideais para executar o assassinato.
Agora, cabe ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, analisar a denúncia e decidir se abre uma ação penal. Enquanto isso, a investigação continua revelando os intricados laços entre poder político, corrupção e violência que permeiam o cenário carioca.
A reportagem está em busca de contato com as defesas dos denunciados para obter seus posicionamentos sobre as acusações. O espaço está aberto para manifestações.