O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), negou nesta segunda-feira (31) que esteja fazendo campanha a favor da recondução de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR), mas voltou a elogiar a “coragem” que Aras teve ao “promover um desmonte” do sistema “favorável” à Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal.
“Não tem campanha a favor na PGR. Eu não fiz campanha [pela recondução do Aras]. Falei uma realidade: o atual procurador-geral da República desmontou um sistema que estava montado no Ministério Público a favor da Lava-Jato. Isso ele teve coragem de fazer”, afirmou.
Em seguida, Wagner defendeu que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir se o desmonte da Lava-Jato tem de pesar mais do que uma suposta condescendência que o atual PGR teria tido durante a pandemia de covid-19. “Se ele [Aras] protegeu, defendeu [o ex-presidente Bolsonaro], esse julgamento quem vai fazer é ele [Lula]. Conheci o pai dele [Aras], mas não faço campanha porque não tem campanha na PGR”, acrescentou.
O atual procurador-geral tem se movimentado para tentar continuar no cargo, mas há resistência em relação ao nome dele, especialmente diante da postura que adotou em relação a Bolsonaro (PL). Seus críticos avaliam que ele foi omisso, especialmente durante a pandemia.
Hoje, um dos nomes mais cotados para assumir o órgão é o do vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet. No STF, ele conta com apoio de Moraes e de Gilmar Mendes. De perfil discreto, ele fez uma dura manifestação contra Bolsonaro durante o julgamento que tornou o ex-presidente inelegível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar de ter o apoio de alguns petistas, Aras tem sido alvo de outros setores do governo. Um exemplo é o caso da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que, recentemente, criticou a possibilidade de Lula o reconduzi-lo ao cargo de procurador-geral da República. Na avaliação de Simone, isso seria “um desastre” já que, em sua avaliação, no mandato de Aras, o Ministério Pública Federal teria adotado uma postura “de subserviência e aceno ao presidente de plantão”.