O JP Morgan destacou o Itaú (ITUB4) como seu banco favorito entre as instituições financeiras brasileiras. O relatório, assinado pelos analistas Yuri Fernandes, Guilherme Grespan, Marlon Medina e Fernanda Sayao, também manteve uma visão positiva sobre o Bradesco (BBDC4) e o Banco do Brasil (BBAS3). Contudo, a instituição financeira americana não recomenda a compra de ações do Santander (SANB11).
Resultados sólidos e previsíveis impulsionam confiança no Itaú
O otimismo com o Itaú é sustentado pelas expectativas em torno dos resultados da companhia no segundo trimestre de 2024. O JP Morgan descreve os resultados esperados como “chatos e previsíveis”, um cenário considerado positivo para os investidores, já que reflete uma fase estável da empresa. Os especialistas preveem um lucro de R$ 9,9 bilhões para o Itaú no segundo trimestre de 2024, representando um aumento de 13% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) projetado para o Itaú é de 22%.
“O Itaú tem sido a empresa do setor financeiro mais proativa em meio às mudanças do mercado causadas pelos bancos digitais. A companhia tem feito as mudanças em seu modelo de negócio de forma assertiva, reduzindo custos, fazendo aquisições oportunas e melhorando o seu canal digital”, destacam os analistas no relatório.
O JP Morgan calcula um preço-alvo de R$ 38 para as ações do Itaú até o final de 2024, um potencial de alta de 12,45% em relação ao fechamento de terça-feira (16), quando as ações foram cotadas a R$ 33,79.
Bradesco: momento de recuperação
Apesar do favoritismo do Itaú, o JP Morgan também recomenda a compra de ações do Bradesco (BBDC4). O banco enfrenta uma fase de reestruturação após um período de alta inadimplência, queda nos lucros e rentabilidade. No entanto, os analistas acreditam que o pior já passou e que as ações do Bradesco estão atrativas para os investidores.
“As taxas de juros mais baixas entre 2023 e 2024 deverão ajudar a empresa a avançar e acreditamos que o pior para a qualidade dos ativos ficou para trás. Agora, a empresa deve ter o crescimento e a redução de custos no seu foco”, apontam os especialistas.
De acordo com o JP Morgan, as ações do Bradesco estão sendo negociadas a 1,1 vez o seu preço sobre o valor contábil (BV) de 2024 e a 7,2 vezes o preço sobre lucro (P/L). A recomendação para o Bradesco é “overweight”, equivalente a compra, com preço-alvo de R$ 18 até o final de 2024, uma alta de 42,3% em relação ao fechamento de terça-feira (16), quando as ações foram cotadas a R$ 12,65.
Banco do Brasil: robustez e estabilidade
O Banco do Brasil (BBAS3) também é recomendado pelo JP Morgan, principalmente devido à sua estabilidade e carteira de crédito voltada para o agronegócio e empréstimos comerciais, que historicamente apresentam uma inadimplência menor. “É verdade que a inadimplência do agronegócio tem subido ultimamente, mas acreditamos que é principalmente uma normalização em direção aos níveis históricos em vez de um grande ciclo de crédito”, afirmam os analistas.
O ROE do Banco do Brasil, que encerrou o primeiro trimestre de 2024 na faixa dos 21%, está no pico e deve desacelerar gradualmente devido às taxas de juros mais baixas. Mesmo assim, os analistas apontam que o Banco do Brasil continua atrativo para os investidores, oferecendo um rendimento de 10% do valor da ação em dividendos. O preço-alvo para as ações do Banco do Brasil é de R$ 32 até o final de 2024, uma alta de 18,3% em comparação ao fechamento de terça-feira (16), quando as ações foram cotadas a R$ 27,04.
Por que o JP Morgan não recomenda o Santander
O único banco entre os analisados que não recebe recomendação de compra do JP Morgan é o Santander (SANB11). Embora os analistas estejam mais otimistas do que antes, devido às tendências operacionais e recuperação da rentabilidade (ROE), eles mantêm uma visão neutra para o banco.
“Acreditamos que a maior parte do agravamento da inadimplência já ficou para trás e esperamos o Santander Brasil retomar o crescimento dos empréstimos”, afirmam os especialistas. No entanto, o JP Morgan destaca que o Santander pode enfrentar maior pressão nas margens financeiras devido às taxas de juros mais baixas e à deterioração na qualidade do crédito, além de despesas operacionais e receitas de taxas abaixo do esperado.
A recomendação para o Santander é neutra, com preço-alvo de R$ 32 até o final de 2024, uma possível alta de 11,2% em relação ao fechamento de terça-feira (16), quando as ações foram cotadas a R$ 28,78.
O relatório do JP Morgan apresenta uma visão otimista para o setor bancário brasileiro, com destaque para o Itaú, que se destaca pela sua capacidade de adaptação às mudanças do mercado e previsibilidade nos resultados. O Bradesco, apesar dos desafios recentes, apresenta oportunidades de valorização significativas, enquanto o Banco do Brasil oferece estabilidade e bons retornos em dividendos. Por outro lado, o Santander ainda enfrenta desafios que impedem uma recomendação de compra no momento.