Os juros futuros fecharam em queda nesta segunda-feira, com movimento mais acentuado nos vencimentos de prazo intermediário, que haviam subido nos últimos dias. A ausência de negociação no mercado de Treasuries dos Estados Unidos devido ao feriado de Memorial Day reduziu a volatilidade dos ativos brasileiros, contribuindo para o cenário de menor pressão nas taxas.
Influência das Declarações do Banco Central
Internamente, as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desempenharam um papel crucial na consolidação da correção das taxas de juros iniciada pela manhã, apesar da revisão para cima nas expectativas de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) trazidas pelo Boletim Focus.
“De forma geral, o tom foi mais leve do que na sexta-feira,” disse Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, referindo-se à palestra de Campos Neto no evento “Almoço Empresarial” organizado pelo Lide. No evento, Campos Neto afirmou que “ao longo do tempo as expectativas de inflação devem se estabilizar” e reforçou que as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) são técnicas, minimizando a polêmica sobre os votos dissidentes na última reunião que sugeriram um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.
Mercado de DIs
No fechamento, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mostraram o seguinte desempenho:
- DI para janeiro de 2025: 10,375%, de 10,400% no ajuste anterior.
- DI para janeiro de 2026: 10,72%, de 10,84%.
- DI para janeiro de 2027: 11,03%, de 11,15%.
- DI para janeiro de 2029: 11,49%, de 11,56%.
As mínimas do dia foram atingidas após as declarações de Campos Neto, que abordou a questão da expectativa de inflação e a credibilidade do Banco Central. Ele destacou a correlação entre serviço intensivo em trabalho e alta de preços, mas considerou isso incipiente e relativizou a piora dos preços “na ponta” como um fator temporário.
Reação do Mercado
Para Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, o discurso de Campos Neto foi determinante para consolidar a correção dos prêmios observada na primeira etapa do dia, superando os resultados negativos da pesquisa Focus.
“Eu achava que a mediana para 2026 ia subir, só que subiu bem, 8 pontos-base. Mas não pegou no mercado, que estava tão ruim que acabou realizando,” explicou Serrano.
Apesar da estabilidade nas medianas de Selic para 2024 (10,00%), 2025 (9,00%) e 2026 (9,00%), as expectativas de IPCA para esses períodos avançaram para 3,86% (de 3,80%), 3,75% (de 3,74%) e 3,58% (de 3,50%) respectivamente. A mediana do IPCA para 2025, considerando as projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, já está em 3,77%.
Expectativas para o IPCA-15 de Maio
Após as declarações de Campos Neto, as taxas tiveram outra rodada de mínimas durante o intervalo para a formação dos preços dos ajustes, entre 16h10 e 16h20, com o mercado se posicionando para o IPCA-15 de maio, a ser divulgado amanhã. A pesquisa Projeções Broadcast aponta para uma mediana de 0,47%, representando uma forte aceleração em relação aos 0,21% de abril. A expectativa é de arrefecimento nos preços de alimentos no domicílio e serviços subjacentes.
O cenário para os juros futuros no Brasil está fortemente influenciado tanto por fatores internos quanto externos. A fala de Campos Neto trouxe um alívio temporário às taxas, mas a volatilidade persiste devido às incertezas econômicas e às expectativas de inflação. A divulgação do IPCA-15 de maio será crucial para os próximos movimentos no mercado de juros, podendo confirmar ou alterar as tendências observadas nesta segunda-feira.