O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), fez declarações contundentes sobre a Operação Lava Jato, afirmando que ela “terminou como uma verdadeira organização criminosa”. Responsável por revelar o maior escândalo de corrupção do país, a operação completa dez anos neste domingo, 17 de março.
Em entrevista à Agência Brasil, Mendes criticou as distorções provocadas pela Lava Jato no sistema jurídico e político brasileiro, deixando um saldo “marcadamente negativo”. O ministro destacou que a operação se envolveu em uma série de abusos de autoridade, desvio de dinheiro e violações de princípios fundamentais, caracterizando-a como uma organização criminosa.
“O que a gente aprendeu? Eu diria em uma frase: não se combate o crime cometendo crimes”, afirmou Mendes. Sua postura em relação à Lava Jato mudou ao longo dos anos, passando de um inicial apoio à força-tarefa de Curitiba para uma posição crítica dentro do STF.
Antes de se tornar um crítico da operação, Mendes reconheceu em novembro de 2015 que a investigação da Lava Jato havia revelado “um modelo de governança corrupta, algo que merece o nome claro de cleptocracia”. Na mesma ocasião, atribuiu ao Partido dos Trabalhadores (PT) a crise que abalava o país naquele momento.
Ao longo do tempo, o ministro ganhou convicção de que os procedimentos suspeitos da Lava Jato não eram apenas “uma irregularidade procedimental”, mas sim “um movimento político. Suas declarações ressaltam um debate contínuo sobre os métodos e impactos da operação, que teve um papel crucial no cenário político e jurídico brasileiro nas últimas décadas.