Nesta segunda-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas contundentes à autonomia do Banco Central (BC) durante uma entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA). Lula afirmou que a independência da autarquia é uma demanda do mercado financeiro e que o próximo presidente do BC deve considerar a realidade brasileira ao invés de seguir as orientações do mercado.
Críticas à Autonomia do Banco Central
Lula expressou insatisfação com a atual gestão do Banco Central, destacando que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, foi nomeado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do (ex-presidente Jair) Bolsonaro, não é correto isso”, afirmou Lula. Apesar das críticas, ele reconheceu que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
Lula enfatizou a necessidade de ter um presidente do Banco Central que alinhe suas políticas com as necessidades do país: “Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”.
Debate sobre a Taxa de Juros
O presidente Lula também criticou a política de juros altos do Banco Central, argumentando que o país não necessita de uma Selic elevada neste momento. “Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,50% está exagerada”, disse ele. Lula afirmou que a política monetária do Banco Central deve refletir o desejo da nação e não apenas as demandas do mercado financeiro.
Na semana passada, Roberto Campos Neto afirmou que os pronunciamentos de Lula impactam negativamente os preços de mercado, complicando a atuação da autoridade monetária.
Responsabilidade Fiscal e Políticas Sociais
Lula reiterou seu compromisso com a responsabilidade fiscal e o controle da inflação. Ele destacou a decisão do governo de manter a meta de inflação em 3% como um exemplo de seu empenho em garantir a estabilidade econômica.
O presidente também afirmou que não haverá mudanças na política de reajuste do salário mínimo, argumentando que não é correto fazer ajustes fiscais à custa dos trabalhadores mais vulneráveis. “O governo não gasta o que não tem e está fazendo pente fino contra fraudes em programas sociais”, disse ele.
As declarações de Lula refletem sua insatisfação com a atual política monetária do Banco Central e sua determinação em promover uma política econômica mais alinhada com as necessidades da população brasileira. A expectativa agora é sobre quem será o próximo presidente do Banco Central e como isso poderá impactar a economia do país.