O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, nesta sexta-feira (14), a criação de uma governança global e representativa para a inteligência artificial (IA), durante a sessão de engajamento externo da Cúpula do G7. O evento, que reúne líderes de sete das maiores economias do mundo, está sendo realizado em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália, desde o dia 13 e vai até amanhã, 15 de junho.
Proposta de Governança Global
Lula destacou a necessidade de uma governança internacional da IA, que assegure que seus benefícios sejam “compartilhados por todos”. Ele criticou as atuais instituições de governança, classificando-as como “inoperantes diante da realidade geopolítica atual” e acusou-as de perpetuar privilégios.
“A inteligência artificial acentua esse cenário de oportunidades, riscos e assimetrias”, disse Lula, enfatizando a concentração de poder nas mãos de poucas pessoas e empresas, principalmente em países desenvolvidos. Ele defendeu que qualquer uso de IA deve respeitar os direitos humanos, proteger dados pessoais e promover a integridade da informação.
Importância da Inclusão e Diversidade
Lula também enfatizou a importância de uma IA que reflita a diversidade cultural e linguística, especialmente a do Sul Global, e que contribua para a economia digital dos países em desenvolvimento. “Uma inteligência artificial como ferramenta para a paz, não para a guerra”, afirmou, reforçando a necessidade de todos os Estados terem assento na governança internacional da IA.
Desafios Globais e Parcerias com a África
Além da IA, Lula abordou a necessidade de uma revolução digital inclusiva e o combate às mudanças climáticas. Ele afirmou que a IA pode potencializar as capacidades dos Estados em adotar políticas públicas ambientais e contribuir para a transição energética.
O presidente brasileiro também ressaltou a importância da cooperação com a África, destacando o potencial do continente e a necessidade de incluir os africanos no enfrentamento dos desafios globais. “A força criativa de sua juventude não pode ser desperdiçada cruzando o Saara para se afogar no Mediterrâneo”, disse Lula, referindo-se às tragédias de migrantes no Mar Mediterrâneo.
Participação do Brasil no G7
Esta é a oitava vez que Lula participa da Cúpula do G7, sendo a primeira após um longo intervalo desde seus mandatos anteriores entre 2003 e 2009. No segmento de engajamento externo deste ano, foram discutidos temas como inteligência artificial, energia, e cooperação com a África e o Mar Mediterrâneo.
Encontros Bilaterais e Retorno ao Brasil
Lula terá diversos encontros bilaterais com líderes presentes no evento hoje e amanhã. A previsão é que a comitiva presidencial retorne ao Brasil no domingo, 16 de junho.
Composição do G7 e Convidados
O G7 é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Além dos membros do grupo, a reunião conta com a presença da Santa Sé e do Brasil, e foram convidados África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Índia, Jordânia, Mauritânia, Quênia e Turquia. Organismos internacionais como a União Europeia, ONU, FMI, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e OCDE também estão participando.
A fala de Lula e de outros líderes não foi transmitida ao vivo, mas o texto foi divulgado pelo Palácio do Planalto, garantindo transparência sobre as propostas e discussões apresentadas.