A nomeação de Marcelo de Araújo Noronha como CEO do Bradesco (BBDC4) trouxe uma onda de otimismo à Faria Lima, indicando uma mudança de rota e uma tentativa de recuperar a rentabilidade passada. Analistas apontam que a gestão anterior enfrentou desafios, incluindo a queda do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e o aumento da inadimplência. Agora, com a nova liderança, o mercado aguarda uma possível reviravolta nos resultados financeiros.
A expectativa é que Noronha, ao assumir o cargo, implemente mudanças estratégicas para reverter a trajetória de queda do ROE e lidar com a inadimplência persistente. Analistas acreditam que a queda dos juros já aponta para dias melhores, mas reconhecem que o caminho para a recuperação do Bradesco ainda é desafiador.
O principal desafio destacado pelos especialistas é a recuperação do índice de eficiência do Bradesco. Daniel Nigri, analista e fundador da Dica de Hoje Research, sugere que Noronha precisa adotar medidas para reduzir despesas, considerando a relação entre despesas e produto bancário. A reestruturação e o corte de gastos, semelhantes aos realizados pelo Itaú no passado, são apontados como estratégias eficazes.
A inadimplência elevada e a safra de crédito ruim são desafios herdados pela nova gestão. Milton Rabelo, analista da VG Research, destaca que Noronha pode buscar estabilizar a inadimplência, permitindo uma maior originação de crédito. A expectativa é de uma melhora lenta e gradual nos próximos trimestres.
Mesmo com melhorias no cenário econômico, os analistas concordam que o Bradesco manterá uma postura conservadora na concessão de crédito, priorizando produtos com garantia e spreads menores. A estratégia visa garantir a segurança em meio à recuperação.
Com a redução da inadimplência prevista, a expectativa é que o lucro e o ROE do Bradesco apresentem crescimento nos próximos trimestres. As projeções variam entre os analistas, mas há consenso de que Noronha terá um papel crucial na retomada da rentabilidade.
As opiniões sobre a oportunidade de investir visando dividendos divergem entre os especialistas. Para Daniel Nigri, o Bradesco está atrativo e tem potencial para entregar dividendos entre 7% e 7,5% em 2024. Milton Rabelo aconselha a compra para investidores com visão de médio e longo prazo, projetando um dividend yield de 7% em 2024.
No entanto, Renato Reis, da DV Invest, elege o Banco do Brasil (BBAS3) como sua preferência para dividendos, enquanto Nigri recomenda a compra das ações do Bradesco até o preço de R$ 20. As perspectivas para dividendos do Bradesco em 2024 variam entre 4% e 9% de acordo com os analistas.
A gestão de Noronha enfrenta o desafio de reinventar o Bradesco, com estratégias que incluem reformulação do varejo, ênfase na experiência do cliente, revisão dos canais digitais e foco na alta renda. A expectativa é que suas ações reflitam uma visão renovada para superar os desafios existentes.