Especialistas em mudanças climáticas advertem que a comunidade global enfrenta uma necessidade urgente de realizar a transição para uma economia de baixo carbono, a fim de conter os desastres provocados pelo aquecimento global. Essa preocupação ganha destaque com a confirmação, pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, de que o ano passado foi o mais quente já registrado no planeta, possivelmente o mais quente dos últimos 100 mil anos.
Em média, durante 2023, o planeta experimentou um aumento de 1,48º grau Celsius em relação ao período pré-industrial de 1850-1900, marcando o início da queima em larga escala de combustíveis fósseis e a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.
Os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris de 2015 buscavam evitar que o aquecimento global ultrapassasse 1,5ºC para prevenir consequências mais severas. No entanto, os dados revelam que, no Brasil, o ano de 2023 foi o mais quente da série histórica, com a temperatura média anual alcançando 24,92ºC, 0,69°C acima da média histórica de 1991/2020.
Claudio Angelo, coordenador de Comunicação e Política Climática do Observatório do Clima, destaca a necessidade de um plano de ação imediato, enfatizando que os países desenvolvidos devem liderar abandonando os combustíveis fósseis, seguidos pelos países em desenvolvimento. Ele ressalta a urgência de uma transição radical para reduzir as emissões globais, especialmente provenientes da queima de combustíveis fósseis e desmatamento.
O especialista alerta que a ultrapassagem do limite crítico de 1,5ºC resultará em perdas humanas e materiais significativas, destacando a vulnerabilidade do Brasil diante de ondas de calor extremo e eventos climáticos extremos.
Branca Americano, especialista sênior do Instituto Talanoa, enfatiza a necessidade de cortar a raiz do problema, identificando a queima de combustíveis fósseis como a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa. Ela destaca a importância de uma transição energética global, apontando o desmatamento como a principal fonte de emissões no Brasil e instando a adoção de práticas agrícolas de baixo carbono.
A especialista destaca, ainda, a urgência na adaptação às mudanças climáticas, sublinhando a necessidade de planejamento para enfrentar eventos extremos, como enchentes e secas. Ela enfatiza a importância de incorporar a mudança climática no cotidiano, reforçando a necessidade de transformações profundas na produção e no consumo em nível mundial.