O Brasil Está Se Tornando Um Ponto Focal Para Investimentos Em Data Centers?
Um centro de processamento de dados, por aqui também chamado de “data center” , é um local que abriga equipamentos de TI, como sistemas de comunicação e servidores. Trata-se de uma estrutura fundamental para manter a integridade e a segurança no armazenamento e processamento de dados de empresas.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, cresce a demanda por uma infraestrutura informatizada que dê conta de gestão de dados, computação de nuvem e comércio eletrônico, dentre outros serviços digitais. Neste contexto, os centros de dados são cruciais para inúmeros modelos de negócios; desde sites dedicados ao mundo do iGaming como casinos.com até lojas virtuais e serviços à distância.
No Brasil, o mercado de data centers têm se mostrado promissor para os investidores, já que só tende a crescer nos próximos anos. De fato, segundo estimativas, o país deve atrair cerca de 75% do total de investimentos esperados para toda a América do Sul em 2025, quando se trata de centros de processamento de dados e IA. Entenda o que está por trás do crescimento do setor.
Dados do Crescimento

Atualmente, o Brasil concentra metade dos centros de processamento de dados da América Latina. Ao longo de 2024, o aporte de investimentos em centros de dados nacionais ultrapassou os USD 2 bilhões, valor que pode quase dobrar até 2029, com uma taxa anual de crescimento de 11,05%. Hoje, são mais de 180 destes centros espalhados pelo país.
Infelizmente, a infraestrutura digital brasileira ainda está longe de se comparar a de gigantes do setor. Somente os Estados Unidos concentram 70% mais centros de dados do que os dez maiores países do ranking combinados. Por lá, existem mais de 5,3 mil centros de processamento de dados. Mesmo assim, o Brasil cresce a olhos vistos e em ritmo bem mais acelerado do que seus vizinhos.
O interesse da iniciativa privada em data centers é acompanhado pelo Governo Federal, que vê o assunto como estratégico. Em um contexto de disputa global para atração de investimentos em data centers, o governo Lula acena com possíveis incentivos fiscais, através de uma nova Política Nacional de Data Centers, ou Redata.
Incentivos fiscais devem incluir isenção de impostos de importação de equipamentos relacionados, PIS/COFINS e IPI. As isenções serão direcionadas para o estágio de implementação destes centros. Com o Redata, o governo espera atrair investimentos de até R$2 trilhões nos próximos 10 anos.
Principais Motivadores
Não são apenas as empresas e as políticas governamentais que vêm engrossando o caldo dos data centers por aqui. Afinal, os brasileiros nunca consumiram serviços digitais tanto quanto agora, com demandas que vão desde o mercado de streaming até inteligência artificial e IoT.
Sem dúvida, a sociedade brasileira está altamente informatizada. O número de smartphones no país supera um por habitante e o número de computadores por habitante chega bem perto disso. Enquanto isso, mais de 90% da população tem acesso à internet e quase 10% dos trabalhadores trabalham em home office ou regimes híbridos.
O país também se destaca perante seus competidores por sua matriz energética renovável e posição geográfica estratégica para conexão com outros hubs regionais. A cidade de Fortaleza, por exemplo, é um dos maiores hubs de cabos submarinos do mundo, uma vantagem crucial para as empresas do setor.
Desafios Estruturais
O crescimento da indústria de data centers não está livre de desafios. Embora a matriz energética brasileira seja majoritariamente renovável e limpa, há questões ambientais a serem consideradas. Centros de processamento de dados consomem um volume enorme de energia; energia essa que costuma vir de combustíveis fósseis.
De fato, a pegada de carbono da indústria de data centers é comparável ao da aviação civil, correspondendo a 2% das emissões globais. Portanto, é fundamental que estes centros sejam projetados para serem energeticamente eficientes e ambientalmente sustentáveis, especialmente na perspectiva de atrair ainda mais deles para cá.
Ainda assim, para se construir um novo data center é necessário que a distribuidora local seja capaz de garantir o volume de energia necessário para tais empreendimentos. Este desafio pode ser ainda maior na hora instalar hyperscalers, ou data centers de grande porte. O próprio crescimento acelerado do setor impõe determinadas dificuldades.
Afinal, este setor só está crescendo tão rápido porque praticamente todos os players deste mercado resolveram investir ao mesmo tempo. Isso cria um desequilíbrio entre a demanda e a oferta de equipamentos, insumos e mão-de-obra especializada, aumentando os custos ao longo da cadeia de suprimentos.
Perspectivas Para o Futuro

Apesar dos desafios, os investidores têm vários motivos para estarem otimistas. O Brasil já é o líder regional deste mercado, posição essa que deve ser reforçada pelas novas políticas governamentais e aportes massivos do setor privado. O Brasil emerge como um hub estratégico para investimentos em data centers, impulsionado por demanda digital crescente, políticas governamentais favoráveis e infraestrutura energética renovável.
Apesar dos desafios, como sustentabilidade e capacitação logística, o país consolida sua liderança regional, atraindo aportes bilionários. Com incentivos fiscais e expansão tecnológica, o setor promete transformar o Brasil em um polo global de dados, alinhando crescimento econômico e inovação.






