O mercado de ouro fechou em alta nesta segunda-feira (26), refletindo um cenário de incertezas geopolíticas no Oriente Médio e as expectativas geradas pelo recente discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que indicou a possibilidade de cortes nas taxas de juros em breve. O metal precioso, considerado um porto seguro em tempos de instabilidade, vem atraindo investidores em busca de segurança, resultando em um aumento de 0,35% no preço do ouro para dezembro, que alcançou US$ 2.555,20 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
Tensões no Oriente Médio impulsionam demanda por ouro
O aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, particularmente após os recentes confrontos entre Israel e Hezbollah, tem sido um dos principais fatores por trás da alta do ouro. A corretora XS.com destacou que a falta de perspectivas de paz na região tem intensificado a busca pelo metal precioso como uma forma de proteção. Em momentos de incerteza global, o ouro se destaca como um ativo de refúgio seguro, atraindo investidores que buscam mitigar riscos em meio ao cenário de instabilidade.
A escalada no conflito no Oriente Médio ocorre em um momento já delicado para os mercados globais, com a economia enfrentando pressões inflacionárias e incertezas quanto à direção das políticas monetárias. O aumento da demanda pelo ouro reflete a percepção dos investidores de que as tensões geopolíticas, combinadas com a expectativa de mudanças na política de juros dos Estados Unidos, podem criar um ambiente favorável para o metal precioso.
Volatilidade no mercado americano influencia cotação do ouro
Apesar da alta significativa registrada pela manhã, o ouro devolveu parte dos ganhos ao longo do dia. Esse movimento foi influenciado pela divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos, que surpreenderam os mercados. As encomendas de bens duráveis nos EUA registraram um salto de 9,9% em julho, um aumento muito acima do esperado pelos analistas. Esse dado gerou volatilidade nas negociações do dólar e dos juros dos Treasuries, que são considerados concorrentes diretos do ouro como ativos seguros.
O Wells Fargo destacou que, apesar do crescimento expressivo no número total de encomendas, os dados subjacentes apontam para uma fraqueza na demanda, sinalizando que a indústria americana pode enfrentar dificuldades nos próximos meses. Essa leitura contribuiu para a percepção de que, embora a economia ainda demonstre algum vigor, as incertezas persistem, o que pode manter o ouro em uma posição de destaque como ativo de proteção.
Discurso de Powell em Jackson Hole reforça expectativas de cortes de juros
Outro fator determinante para o movimento de alta do ouro foi o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, durante o simpósio de Jackson Hole na sexta-feira anterior. Powell indicou que “chegou a hora” de considerar cortes nas taxas de juros, uma sinalização que foi rapidamente interpretada pelos mercados como uma provável redução nas taxas já em setembro. Essa perspectiva de afrouxamento monetário nos EUA tende a ser favorável para o ouro, já que cortes nas taxas de juros geralmente enfraquecem o dólar e reduzem os rendimentos dos Treasuries, tornando o ouro mais atraente como investimento.
A XS.com destacou que os ganhos do metal precioso refletem grandes esperanças de que haverá vários cortes nas taxas de juros ao longo de 2024. A perspectiva de uma política monetária mais frouxa nos Estados Unidos é vista como um catalisador para a alta do ouro, uma vez que a redução nos custos de oportunidade de se manter posições em ouro tende a aumentar a demanda pelo metal.
Perspectivas futuras para o mercado de ouro
Com o ouro se aproximando de seu recorde histórico, os investidores estão atentos aos desdobramentos das tensões geopolíticas e às decisões de política monetária do Federal Reserve. A combinação desses fatores pode continuar a sustentar os preços do ouro nos próximos meses, especialmente se as incertezas globais persistirem.
Além disso, o comportamento do dólar e dos juros dos Treasuries continuará a ser monitorado de perto, já que movimentos nesses ativos podem influenciar diretamente a cotação do ouro. Se o Federal Reserve seguir adiante com os cortes de juros esperados, o ouro pode continuar a se valorizar, especialmente se as tensões geopolíticas não mostrarem sinais de arrefecimento.
A alta do ouro registrada nesta segunda-feira reflete um cenário de incertezas globais, impulsionado tanto pelas tensões no Oriente Médio quanto pelas expectativas em relação à política monetária dos Estados Unidos. O metal precioso continua a ser visto como um ativo seguro em tempos de volatilidade, e as perspectivas de cortes nas taxas de juros nos EUA podem manter o ouro em alta nos próximos meses. Investidores que buscam proteção contra riscos geopolíticos e econômicos devem considerar o ouro como parte de suas estratégias de investimento.